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O Ensino da Matemática Através da Resolução de Problemas

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Há muito tempo já temos visto o número crescente de alunos frequentando cursos com aulas do método Kumon e como essas redes de ensino têm se espalhado por todo país. O método Kumon chegou ao Brasil, vindo do Japão, na década de 1970. O professor de matemática Tooru Kumon criou para seu filho uma lista de exercícios de reforço que poderia ser resolvida rapidamente. Os exercícios forneciam técnicas e modelos que, aplicados a outros exercícios semelhantes, traziam a solução quase que imediata. É, portanto, um modelo baseado na educação tecnicista em que a memorização e a repetição de modelos garantiam uma resolução rápida e prática. É claro que, diante da conjuntura da época, esse método atendia às necessidades da sociedade.

Como a técnica proposta pelo método Kumon prometia solucionar as dificuldades encontradas pelos alunos e os anseios dos pais em ver seus filhos livres de problemas com a disciplina de matemática, as franquias se espalharam por todo o país. Mas o método garante a eficácia da aprendizagem nos dias atuais? Vivemos em uma sociedade que exige cidadãos críticos, reflexivos, criativos, hábeis em tomar decisões e que saibam trabalhar em equipe. Resolver cálculos rapidamente, repetir modelos, fazer listas repetitivas é o que formará esse tipo de cidadão? Com o avanço das tecnologias, computadores, calculadoras, fazer cálculos com velocidade tornou-se uma tarefa para máquinas.

É preciso, então, refletir o saber matemático e como essa disciplina tem sido trabalhada nas escolas. Uma alternativa é trabalhar a matemática através da resolução de problemas. Primeiro, vamos estabelecer a diferença entre situação-problema e exercício. O exercício consiste, basicamente, na fixação através da repetição. A situação-problema já trabalha com uma gama de fatores: leitura e intepretação dos dados, compreensão do problema, tomada de decisão, verificação da resposta de maneira crítica, criatividade para encontrar a solução, dentre outros. Esses problemas podem ser trabalhados e resolvidos em grupos, discutindo as possíveis maneiras de resolvê-los, se há mais de uma forma de chegar à solução, criando situações de desequilíbrio na sala de aula.

George Polya (1887-1985), autor do livro “A Arte de Resolver Problemas”, escreveu dez mandamentos para professores de matemática. São eles:

1. Tenha interesse por sua matéria.
2. Conheça sua matéria.
3. Procure ler o semblante de seus alunos; procure enxergar suas expectativas e suas dificuldades; ponha-se no lugar deles.
4. Compreenda que a melhor maneira de aprender alguma coisa é descobri-la você mesmo.
5. Dê aos seus alunos não apenas informação, mas know-how, atitudes mentais, o hábito do trabalho metódico.
6. Faça-os aprender a dar palpites.
7. Faça-os aprender a demonstrar.
8. Busque, no problema que está abordando, aspectos que possam ser úteis nos problemas que virão — procure descobrir o modelo geral que está por trás da presente situação concreta.
9. Não desvende o segredo de uma vez — deixe os alunos darem palpites antes — deixe-os descobrir por si próprios, na medida do possível.
10. Sugira; não os faça engolir à força.

A resolução de problemas incentiva a criatividade, o senso crítico, torna a aprendizagem mais prazerosa e significativa, desperta o interesse em resolver desafios. As situações-problema podem ser trabalhadas, também, através de jogos em grupo, questões de raciocínio lógico, de modo a fortalecer o trabalho em equipe e a vida em sociedade, respeitando os diferentes modos de pensar matematicamente, uma vez que não há um único método, uma receita, para chegar à solução.

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Por Marcelo Rigonatto
Especialista em Estatística e Modelagem Matemática
Equipe Brasil Escola