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No trabalho com temas históricos, sabemos o quão importante é aproveitar da relevância e destaque cedidos a determinados assuntos em decorrência de algum evento de grande importância ou a celebração de uma data comemorativa. Pautado por essa premissa e aproveitando o espaço dado ao mês de março como o “mês das mulheres”, sugerimos um trabalho direcionado ao professor, relacionando o legado iluminista e a posição da mulher na sociedade europeia do século XVIII.
Primeiramente, estabeleça de acordo com a série trabalhada, uma breve recapitulação ou resumo sobre os conceitos do movimento iluminista. Sob tal aspecto, reforce especialmente as nuances do discurso iluminista que relacionam a liberdade entre os homens como um pressuposto fundamental para o exercício da razão. Destaque as críticas que o Iluminismo realizava aos privilégios e injustiças que organizavam as relações sociais naquela época.
Feita essa consideração, os alunos teriam em mente que os iluministas defendiam a liberdade e a igualdade entre os homens como uma condição inerente à sua própria natureza. Superada tal explanação, questione se esse ideal de igualdade pregado pelos iluministas também se estenderia às mulheres. Reservando espaço para a opinião dos participantes, continue o debate expondo a seguinte consideração feita por Adam Smith, um dos mais prestigiados pensadores do Iluminismo:
“Não existem instituições públicas para a educação de mulheres, não havendo, portanto, nada de inútil, absurdo ou fantástico no curso normal de sua formação. Aprendam o que seus pais ou tutores consideram necessário ou útil que aprendam, e nada mais do que isso” (Adam Smith – A riqueza das nações)
Em primeira instância, vemos que as palavras do autor revelam que as mulheres não tinham acesso a nenhum tipo de instituição pública de ensino. Já nesse primeiro ponto, observamos que o século XVIII carregava uma grande diferença com a atualidade, no qual temos o expressivo crescimento da presença feminina em escolas e faculdades. Logo em seguida, vemos qual era a opinião que Adam Smith tinha sobre essa situação vivida pelas mulheres do seu tempo.
Curiosamente, vemos que o autor considerava que a exclusão das mulheres nas instituições de ensino não configurava nenhum tipo de problema ou injustiça do século XVIII. Buscando a opinião dos alunos sobre tal argumento, tenha cuidado com os comentários que possam taxar Adam Smith como sendo um “machista”. Afinal de contas, vale ressaltar que a ideia de “machismo” não era culturalmente compartilhada na cultura daquela época, como vemos em várias sociedades do mundo contemporâneo.
Dessa forma, podemos revelar aos alunos que os paradigmas de “igualdade” trabalhados no interior do Iluminismo apresentavam seus limites ao pensar a condição feminina. De fato, tal situação só viria a se transformar, décadas mais tarde, quando o acesso ao ensino começasse a se abrir para ambos os sexos. Caso ache interessante, o professor pode encerrar o trabalho com alguma matéria de jornal recente que destaque o avanço da presença feminina nas universidades ou seu processo histórico de inserção nas mesmas.
Por Rainer Sousa
Graduado em História
Equipe Brasil Escola