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Cumprir horário, chegar a tempo, seguir a agenda, evitar atraso. Essas são algumas das preocupações mais corriqueiras do nosso dia a dia. A luta contra o relógio é uma batalha difícil que leva muitos a sonhar com um dia com “mais de 24 horas”. Contudo, justamente por ser algo tão corriqueiro, nunca paramos para pensar se o ritmo das pessoas sempre foi esse. Em alguns casos, temos a impressão de que nem conseguimos projetar uma vida levada de um modo diferente.
Apesar de sua aparência banal, o uso do nosso tempo pode servir para a proposição de um debate sobre questões interessantes ligadas à própria historicidade contida na relação do homem com o tempo. Para trazer o assunto à sala, sugerimos que o professor primeiro elabore uma atividade em que os alunos façam um quadro demonstrando suas atividades ao longo da semana. Caso prefira, permita que a classe utilize o cotidiano de um parente ou familiar que esteja disposto a relatar sua rotina para o aluno.
Nessa mesma atividade, separe uma questão em que o aluno discorra sobre algum problema ou situação em que teve dificuldade para cumprir um determinado horário. Com isso, podemos abordar o tema a ser explorado por meio de situações cotidianas conhecidas de cada membro da sala. Após o cumprimento dessa primeira etapa, deixe que alguns alunos relatem a rotina e a situação para que esse trabalho seja devidamente prestigiado pelos outros colegas.
Cumprida essa etapa, pergunte a classe se eles acham ser possível organizar a vida de uma pessoa sem a utilização das horas medidas no relógio. Após ouvir algumas opiniões a respeito, exponha à classe o comentário da pesquisadora Janice Teodoro com relação à invenção do relógio. Segundo a autora:
“No século XV surgiu na Europa um instrumento que representava muito bem o passar do dia: o relógio. De início, ele despertou muita desconfiança. Ninguém queria se submeter a uma máquina! A luz e os sinos dividiam muito sabiamente o dia e a noite.”
Por meio dessa interessante fala, o professor pode demonstrar aos alunos que, durante a Idade Média e boa parte da Idade Moderna, os homens costumavam regrar o seu tempo por meio de outros referenciais. No caso, não deixe de falar sobre o significado da contagem do tempo realizado pelos sinos das igrejas e de demonstrar que a percepção da passagem do tempo acontecia, muitas vezes, através da simples observação de fenômenos naturais.
Dessa forma, o professor pode mostrar uma curiosa diferença entre a forma de se contar o tempo do mundo atual e dos homens que viviam no século XV. Para finalizar essa atividade, sugerimos uma produção de texto onde cada aluno invente um novo tipo de rotina. Para tanto, exemplifique como essa “outra realidade” poderia ser concebida criando outros referenciais de contagem do tempo e uma forma de ordenação das atividades cotidianas diferente daquela que ele coletou na tarefa inicial.
Através desse tipo de proposta, os alunos podem compreender que o famoso “dia de 24 horas” simplesmente reflete uma convenção seguida em várias culturas do mundo contemporâneo. Ao mesmo tempo, essa é uma proposição que permite o exercício da criatividade individual ao abrir espaço para a invenção de um mundo inteiramente modificado.
Por Rainer Sousa
Graduado em História
Equipe Brasil Escola