Em diversas ocasiões, a distância temporal em relação a um determinado fato nos impõe uma barreira que limita as dimensões de significado do mesmo. A mudança de valores, a ausência de referências cotidianas e o próprio desinteresse acabam nos colocando insensíveis a determinadas questões. Talvez, ao tratar sobre as mazelas de um conflito militar podemos ter ainda mais claro o peso deste problema.
Quando falamos sobre o impacto das guerras mundiais, muitos alunos não percebem minimamente o enorme baque que estas experiências causaram no mundo. Além disso, quem sabe pelo próprio processo de banalização da violência, vemos que outros alunos se interessam em explorar a quantidade de mortos, os tipos de armas utilizadas e as batalhas desenvolvidas.
Isso, de forma alguma, quer dizer que os alunos não possam vir a conhecer mais sobre o assunto por meio de seus próprios interesses. Contudo, acreditamos que o professor pode colocar em pauta a valorização da vida e o respeito ao próximo enquanto elementos relacionados a esses conflitos de grande proporção. Para isso, sugerimos a exposição de depoimentos de ex-soldados da Primeira Guerra Mundial:
“Aqui desapareceu para sempre o cavalheirismo. Como todos os sentimentos nobres e pessoais, ele teve de ceder lugar ao novo ritmo da batalha e ao poder da máquina. Aqui a nova Europa se revelou pela primeira vez no combate.”
“Uma certa ferocidade surge dentro de você, uma absoluta indiferença para com tudo o que existe no mundo, exceto o seu dever de lutar. Você está comendo uma crosta de pão, e um homem é atingido e morto na trincheira perto de você. Você olha calmamente para ele por um momento e continua a comer o seu pão”.
Através desses depoimentos, o professor impacta a turma com a fala de personagens que viveram aquele conflito. Mesmo não partilhando da experiência, o aluno passa a refletir sobre a violência física e psicológica causada pela situação de batalha. Paralelamente, alargando a discussão para outro âmbito, ainda podemos criticar os modelos de civilização que eram comumente elogiados e defendidos antes que a Primeira Guerra Mundial ocorresse.
Afinal de contas, que modelo civilizatório é esse que cria máquinas e tecnologias capazes de realizar o extermínio de milhares de pessoas? Por meio dessas e outras perguntas, o professor pode não só realizar uma orientação crítica sobre o assunto, mas também repensar outros problemas, conflitos armados e genocídios que acontecem em outros períodos e lugares. Por fim, caso ache apropriado, o docente pode encerrar a aula requerendo uma pesquisa sobre os maiores conflitos da atualidade.
Por Rainer Sousa
Graduado em História
Equipe Brasil Escola
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