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Alguns termos da Ecologia são confundidos ou não tão bem assimilados devido à dificuldade de se relacionar os conceitos com o que estes se referem. Infelizmente a mídia, de forma pouco rara, nos remete e transmite conceitos errôneos e incorpora a mensagem de que diversidade de espécies se refere a grandes animais vertebrados interagindo em florestas – e geralmente de outras regiões: qualquer pessoa que tenha acesso a um destes canais sobre vida animal pode nos dizer, por exemplo, ao fim de uma semana, várias características de um tigre asiático - e não saber ao menos nos dar exemplo de um animal típico de nosso país, com a mesma desenvoltura e tampouco conceituar ou relacionar de forma correta o que viu.
Assim, mais uma vez friso a responsabilidade do ser docente na construção e desconstrução de conceitos e a importância das aulas práticas para tal.
Um trabalho de campo produtivo não significa, necessariamente, uma viagem à Ásia e tampouco um passeio ao Zoológico. Muitas atividades com excelente nível de aproveitamento podem ser feitas no pátio da escola, da pracinha ao lado ou até mesmo em casa.
Desta forma, proponho um estudo que poderá ser feito dentro do espaço da escola, desde que esta tenha alguma área verde, e consiste em dividir seus alunos em grupos e propor que procurem e registrem todos os animais que forem encontrados em uma área de 1,5m x 1,5m, delimitada por estacas e cordão.
Caso tenha condições de utilizar duas áreas diferentes para estudo, como por exemplo, a horta e a quadra de esportes ou um jardim, poderá, ao final da atividade, comparar os exemplares destas. Vale ressaltar, também, que tal proposta pode ser adequada à realidade da escola e de seus alunos, sem necessidade de ser utilizada exatamente como está exposta aqui.
Materiais:
Papel e materiais necessários para anotação e desenho de esboços
Trena
Estacas
Barbante
Luvas e/ou pinças (para captura de exemplares)
*Caso julgue necessário ou interessante, o uso de máquinas fotográficas pode ser de grande valia.
Metodologia:
Auxilie seus alunos a revirarem a serrapilheira (folhas, ramos, troncos) em busca de invertebrados e pequenos vertebrados, com o auxílio de pinça e luva. Aconselhe-os a manusear os animais encontrados com atenção e respeito, procurando identificá-los e registrando desenhos.
Provavelmente, caso encontrem vertebrados, a captura será mais difícil e, dependendo do manuseio, arriscada. Por tal motivo, indico a máquina fotográfica ou apenas o registro deste na lista de animais encontrados. A máquina pode ser útil, também, para gravar os indivíduos que não se soube identificar ou houve discordância entre os colegas quanto a esta.
Ao final da atividade, proponha que os grupos comparem seus resultados obtidos. Caso tenha sido feito o trabalho em duas áreas, comparar, também, o que foi encontrado em cada ambiente, observando as semelhanças e diferenças encontradas.
A partir dos exemplares, pode-se trabalhar as adaptações dos animais em relação aos seus ambientes, os conceitos de diversidade, biodiversidade e riqueza, o porquê de em um local ter sido encontrado mais espécies que em outro, a importância da serrapilheira como abrigo para diversas espécies, cadeias alimentares e, inclusive, métodos científicos – muitos trabalhos envolvendo estudo de espécies partem deste princípio.
Recomenda-se uma introdução a estes conceitos antes desta atividade ser executada, uma vez que proporcionará um melhor aproveitamento dos alunos no segundo momento e poderá fornecer ao educador dicas de como desenvolver a atividade com seus alunos no sentido de quais conteúdos enfocar mais, o número ideal de alunos por grupo, o que eles já sabem sobre o tema, etc.
Caso tenha dificuldade em alguns conceitos e termos, bom livros de Ecologia, como o “Economia da Natureza”, de Robert E. Ricklefs podem auxiliar bastante!
Mariana Araguaia
Equipe Brasil Escola