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Sobradinho e o impacto das usinas hidrelétricas

O impacto causado pela construção das usinas hidrelétricas de Sobradinho, na década de 1970, e as de Jirau e Belo Monte, na década 2000, é o tema desta proposta de aula.
Rio São Francisco. Represamento da água do rio deu origem à usina de Sobradinho e gerou problemas à população atingida pela barragem
Rio São Francisco. Represamento da água do rio deu origem à usina de Sobradinho e gerou problemas à população atingida pela barragem
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A construção das usinas hidrelétricas de Santo Antônio, Jirau e Belo Monte trouxe novamente à tona o debate sobre os impactos sociais e ambientais decorrentes das construções dessas grandes obras destinadas à produção de energia. O objetivo da aula a ser proposta ao professor é debater com os alunos esse controverso tema contemporâneo, tendo como ponto de partida uma música composta por Sá e Guarabyra no final da década de 1970.

A música Sobradinho foi composta com o objetivo de protestar contra a construção da usina de Sobradinho no interior da Bahia. A barragem construída no rio São Francisco deu origem a um imenso lago que inundou cidades que são citadas na música, expulsando da região seus moradores. Os compositores utilizaram ainda a profecia de Antônio Conselheiro de que o sertão vai virar mar o e o mar irá virar sertão para evidenciar os impactos causados pela construção do lago.

Na proposta, o professor deverá trabalhar a letra da música de Sá e Guarabyra, mostrando a história da construção da usina de Sobradinho e suas consequências para a população que foi atingida pelas barragens. Por exemplo, uma dessas consequências foi a organização dessas pessoas no Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), criado no final da década de 1980. Uma pesquisa sobre a origem e objetivo do MAB e de como ele se tornou um movimento social nacional a partir desse momento é mais um passo a ser dado nessa proposta de aula. Dessa forma, o professor poderá mostrar aos alunos que a discussão sobre os impactos da construção de grandes usinas hidrelétricas ocorre desde a ditadura militar e que também está ligada aos objetivos econômicos do Estado brasileiro em criar condições para o crescimento da economia com a ampliação da oferta de energia.

Esse ponto poder ser a ligação para se debater a construção das novas hidrelétricas na região Norte do Brasil, iniciada no governo de Luiz Inácio Lula da Silva. O argumento usado pelo governo Lula era também o de garantir o oferecimento de energia necessária à pretensão de crescimento econômico do país. O deslocamento de população das áreas inundadas também é uma preocupação das novas construções. A diferença aparente neste momento é o debate de impacto ambiental e novas fontes de energia.

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Como o movimento ecologista ganhou força nas últimas duas décadas, a pauta de reivindicações contra a construção das usinas ampliou-se, incluindo o debate sobre a utilização de outras fontes renováveis de energia, que não causem um impacto tão grande no meio ambiente, como energia eólica e solar. Este seria um segundo momento da proposta de aula, cabendo ao professor estimular os alunos a pesquisar sobre a construção das novas hidrelétricas, seus possíveis impactos e os movimentos contrários à sua construção, não se esquecendo de contrapor a argumentação dos defensores da utilização da energia hidrelétrica como forma de garantir o crescimento econômico e melhoria das condições materiais de vida da população.

Esta proposta permite avaliar dois momentos de um mesmo problema social e as diferenças de abordagens e propostas apontadas em cada um deles.

Abaixo segue a letra da música de Sá e Guarabyra.

Sobradinho

Sá e Guarabyra

O homem chega, já desfaz a natureza
Tira gente, põe represa, diz que tudo vai mudar
O São Francisco lá pra cima da Bahia
Diz que dia menos dia vai subir bem devagar
E passo a passo vai cumprindo a profecia do beato que dizia que o Sertão ia alagar

O sertão vai virar mar, dá no coração
O medo que algum dia o mar também vire sertão

Adeus Remanso, Casa Nova, Sento-Sé
Adeus Pilão Arcado vem o rio te engolir
Debaixo d'água lá se vai a vida inteira
Por cima da cachoeira o gaiola vai, vai subir
Vai ter barragem no salto do Sobradinho
E o povo vai-se embora com medo de se afogar.

Remanso, Casa Nova, Sento-Sé
Pilão Arcado, Sobradinho
Adeus, Adeus ...

Por Tales Pinto
Graduado em História