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Sugestão de aula sobre os diferentes tipos de iluminismo

Com esta sugestão de aula sobre os diferentes tipos de iluminismo, o professor poderá colher a referência da obra de Gertrude Hummelfarb para incrementar suas aulas.
Página de rosto da Enciclopédia de Diderot e D'Alambert. Ícone do iluminismo francês *
Página de rosto da Enciclopédia de Diderot e D'Alambert. Ícone do iluminismo francês *
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Uma das grandes dificuldades que o professor de história, corriqueiramente, vê-se incumbido de lidar é a do reducionismo dos temas ministrados em grandes esquemas interpretativos simplificadores. Esses esquemas geralmente estão presentes nos manuais escolares, isto é, nos livros didáticos de história e, sendo estes as principais fontes de estudo dos alunos, o trabalho que se tem em desvencilhar os temas desses esquemas torna-se praticamente hercúleo.

Um dos temas que sofrem com esses reducionismos é o Iluminismo. Há, majoritariamente, uma visão do Iluminismo que impregna os manuais escolares: a de que essa fase da história humana é marcada pelo ápice da Razão e o abandono de valores tradicionais, sobretudo aqueles vinculados à autoridade da Igreja Católica. Além disso, há enfoque nos autores da matriz francesa do iluminismo, notadamente: Rousseau, Diderot, D'Alambert e Voltaire. No limite, destacam-se outros, como o alemão Immanuel Kant – cuja matriz já diverge substantivamente dos franceses.

É fato que autores como Voltaire, um exímio polemista, escarneceram os valores tradicionais e a Igreja Católica e que autores como Rousseau idolatraram o progresso e os ideais de igualdade e liberdade. Entretanto, há as matrizes norte-americana e britânica do iluminismo que são muito pouco ou quase nunca exploradas em sala de aula.

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A pesquisadora Gertrude Himmelfarb, em sua obra “Os caminhos para a modernidade – Os iluminismos britânico, francês e americano”, conseguiu empreender uma importante investigação sobre as diferenças entre esses “iluminismos”, de modo que pode ser uma leitura muito útil ao professor de história que queira problematizar melhor suas aulas a respeito do tema. Alguns autores da matriz britânica inclusive, como Edmund Burke, eram frontalmente contrários aos franceses. Burke abominava o progressismo de Rousseau e defendia um modelo político conservador calcado nas virtudes.

Além disso, os iluministas americanos estavam intimamente ligados à própria ideia da formação do país e dos “pais fundadores”, calcada na noção de liberdade, por sua vez herdada da matriz liberal clássica do iluminismo britânico.

Conceitos como razão, política, liberdade, igualdade, revolução e tradição podem ser discutidos em sala com base nos argumentos do livro dessa autora – que se encontra traduzido para o português – , desde que o professor saiba manejá-los de acordo com o número de aulas de que dispõe para tratar de tal tema.

* Créditos da imagem: Commons


Por Me. Cláudio Fernandes