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Visões distintas sobre o imperialismo

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Lênin e Macaulay: visões divergentes sobre a ação imperialista.

O estudo do imperialismo geralmente é marcado por dois momentos históricos onde o processo de colonização é justificado no século XIX e criticado somente após a deflagração da Segunda Guerra Mundial. Geralmente, esse tipo de distinção promove uma visão em estanque onde o aluno pode ter a impressão de que o imperialismo só foi criticado após o momento em que as disputas pelos territórios coloniais afro-asiáticos promoveram dois conflitos de grandes proporções.

Para que essa percepção errônea seja corrigida, sugerimos que o professor trabalhe com a análise de dois diferentes textos em que podemos problematizar diferentes perspectivas sobre a ocupação destes territórios. No caso, o professor pode selecionar alguns trechos relevantes da obra “História Concisa da Inglaterra” (1926) do historiador britânico George Macaulay Trevelyan e do livro “O Imperialismo, Fase Superior do Capitalismo”, do líder revolucionário russo Vladimir Ilitch Lênin.

Nesse sentido, a principal intenção desse exercício interpretativo é colocar lado a lado a diferente compreensão com que cada um dos sujeitos encara um mesmo momento histórico vivenciado. Iniciando esse exercício interpretativo, escolhemos um pequeno trecho onde Macaulay interpreta o imperialismo dizendo:

“Um outro aspecto marcante do Segundo Império Britânico foi o desenvolvimento de vastas zonas da Ásia e da África através de relações comerciais ou domínio político. Este último foi conduzido em África e nas Índias Ocidentais e Orientais de acordo com as idéias benevolentes que geralmente prevaleceram [...] Foi deste modo que uma considerável parte da humanidade; na Índia, no Egito e em outros locais do globo...” (p.224, s.d.).

Em contrapartida, deve-se colocar a visão de Lênin evidenciada em um trecho de sua obra supracitada, que diz:

“Os grupos monopolistas internacionais dirigem os seus esforços no sentido de arrancarem ao adversário toda a possibilidade de concorrência, de se apoderarem, por exemplo, das jazidas de ferro ou de petróleo etc... Somente a posse das colônias dá ao monopólio completas garantias de sucesso face a todas as eventualidades da luta contra os seus rivais...” (p. 81 -83, 1987)

Ao colocar a perspectiva destes dois autores em xeque, o professor deve questionar aos alunos sobre quais termos que cada um deles utiliza para descrever o processo de ocupação que se consolidou entre os séculos XIX e XX. Interessante assinalar que enquanto George Macaulay descreve o imperialismo como responsável pelo “desenvolvimento de vastas zonas”, Lênin discorre sobre um interesse egoísta que retira a “a possibilidade de concorrência” econômica de outras nações.

Dessa maneira, o professor consegue mostrar aos alunos que as justificativas ideológicas que imprimiram o imperialismo não foram hegemonicamente apreendidas pelos homens de seu tempo. Ao mesmo tempo, exige que a classe compreenda que não foi somente após a Segunda Guerra Mundial que as críticas ao imperialismo ganharam espaço.


Por Rainer Sousa
Graduado em História
Equipe Brasil Escola

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