A COP 30 acontece a partir desta semana, em Belém, no Pará, o evento é um dos principais de geopolítica internacional e pauta a sustentabilidade no futuro do planeta. Esse pode ser um gancho para trabalhar o assunto em escolas.
O professor de História, Filosofia, Sociologia e Atualidade no Anglo Alante Paulínia, Munir Abboud, acredita que esse momento seja uma oportunidade para aproximar dos alunos dos debates sobre mudanças climáticas.
Além de possibilitar o debate da trajetória histórica da COP, que está em sua 30ª edição, quais os avanços já conquistados e os desafios que ainda permanecem. O professor apresenta a proposta do debate histórico sobre o evento como uma forma de refletir cenários futuros diante das mudanças climáticas.
A Conferência das Partes (COP) 30 acontece entre os dias 10 e 21 de novembro e reúne países signatários da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima (UNFCCC). Devido à agenda da COP 30, o Enem será aplicado nos dias 30 de novembro e 7 de dezembro nas cidades de Belém, Ananindeua e Marituba, no Pará.
Evento sobre mudanças climáticas da ONU.
Crédito: Divulgação.
COP 30 nas escolas
Munir Abboud reforça o papel da escola em trazer discussões atuais para o processo de aprendizagem e a realização da COP 30 no Brasil é uma oportunidade de apresentar debates sobre mudanças climáticas. Bem como introduzir temas ambientais, como desmatamento, exploração de recursos naturais e o papel dos povos originários na preservação ambiental.
O professor de Geografia e Atualidades do Colégio Oficina do Estudante, Daniel Simões, também acredita na introdução interdisciplinar da COP 30 para os estudantes. Para Daniel, além da abordagem ambiental, também é possível incorporar o lado político do evento, já que são adotados esforços coordenados entre os países para promover um desenvolvimento sustentável.
Segundo Daniel, fóruns e instrumentos de mediação internacional surgiram no pós-guerra e mantêm importantes para o cenário político internacional, ao unir vários países para diversas temáticas. Do ponto de vista ambiental, discussões acerca de como as questões ambientais afetam o mundo como um todo e como alguns países podem ser mais afetados que outros.
A abordagem do tema deve ser feita de forma adequada para cada nível de ensino. Daniel explica que no ensino fundamental o assunto deve ser conduzido com noções gerais, enquanto no ensino médio é ideal que o estudante tenha um conhecimento mais aprofundado, de forma que consiga relacionar questões ambientais a causas, efeitos e intervenções humanas.
Voltado especificamente para estudantes do ensino médio, Munir destaca que a COP 30 pode ser um tema amplamente abordado em vestibulares, já que existem históricos de questões que relacionadas ao tema. O professor exemplifica que conferências passadas foram citadas em provas do Enem 2025, UFMA 2023, Unesp 2025 e Unicamp 2025, relacionada a acordos ambientais e problemas locais.
Munir Abboud, Daniel Simões e Laura Vecchioli, respectivamente.
Crédito: Divulgação.
Como abordar a COP 30?
O principal ponto para abordar a COP 30 é estabelecer um diálogo que permita a transversalidade. Abboud sugere trabalhar a capacidade de interpretação e imaginação para alunos dos primeiros anos, incluindo atividades lúdicas e práticas com ênfase na relação da criança com o meio ambiente e o clima.
Para os anos finais do ensino fundamental, a sugestão do professor de história é que sejam propostos trabalhos interdisciplinares. “Por exemplo: relacionar geografia e ciências em atividades sobre recursos naturais e biodiversidade; discutir em história e sociologia a evolução das conferências e a participação dos povos originários”, exemplifica Munir.
A nível médio o debate deve ser mais profundo, por meio de seminários, análise de documentos oficiais da ONU e estudos de caso sobre políticas ambientais. Além disso, também é possível a articulação do tema por meio de produção e interpretação textual, voltado pra a preparação de vestibulares.
Voltado para a interpretação de texto, livros mais complexos podem ser um meio para estimular o pensamento crítico e favorecer a construção de valores ligados à responsabilidade ambiental. Laura Vecchioli, coordenadora de Literatura e Informativos do Editorial de Educação Básica da SOMOS Educação, explica que os livros podem provocar questionamentos e inspirar atitudes transformadoras.
“A literatura permite que o leitor se conecte emocionalmente com as histórias, compreenda a complexidade dos problemas ambientais e perceba que pode ter um papel como agente de mudança na construção de um futuro mais sustentável”, comenta a coordenadora.
Pensando nessa proposta, Laura apresenta três obras que permitem explorar o debate sobre questões ambientais com os estudantes:
Na praia e no luar, tartaruga quer o mar, de Ana Maria Machado - A obra conta a história de Pedro e Luísa, que, ao descobrirem o plano de pescadores que vivem da venda de tartarugas marinhas, embarcam em uma missão para proteger esses animais.
Salvando a pele, de Mario Teixeira – O livro acompanha Matias e Sandino, dois ativistas dedicados à causa animal. À frente de uma ONG, eles organizam boicotes e protestos em defesa dos bichos. Durante uma de suas investigações, descobrem que a esposa de um poderoso empresário está desenvolvendo um creme rejuvenescedor testado em animais. A partir daí, a dupla embarca em uma nova missão: impedir os planos cruéis da mulher e salvar as cobaias antes que seja tarde demais.
O Senhor da Água, de Rosana Bond – A obra conta a história de três jovens que descobrem um crime ecológico que pode privar todo o planeta do consumo de água. Na cara e coragem, decidem fazer justiça com as próprias mãos e tentar impedir que a tragédia aconteça, ainda que isso coloque suas próprias vidas em risco.
Livro sobre sustentabilidade feito por estudantes
O livro Ideias para um Futuro Sustentável, da Bela Vista Cultural, é uma obra construída por estudantes de escolas de diferentes regiões brasileiras.
A intenção do livro é ampliar o conhecimento sobre desenvolvimento sustentável e compreensão aprofundada acerca dos desafios ambientais, econômicos e sociais na construção de um futuro equilibrado.
Nesse sentido, a obra apresenta informações sobre consumo responsável, poluição, preservação da natureza, práticas de reciclagem, economia circular, entre outros aspectos ambientais. Há também o eixo social com debates sobre diversidade, inclusão, igualdade de oportunidades e convivência comunitária.
"Criar um livro em conjunto com os alunos foi uma experiência transformadora. Ao dar voz a eles, percebemos como a consciência ambiental já faz parte das novas gerações. Muitos deles relataram que passaram a discutir sustentabilidade em casa, incentivando familiares a rever hábitos."
Renan Cyrillo, diretor executivo da Bela Vista Cultural
Livro "Ideias para um Futuro Sustentável", da Bela Vista Cultural.
Crédito: Divulgação.
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Seu principal objetivo é discutir questões relacionadas ao aquecimento global e às mudanças climáticas. Além disso, o evento conta com uma programação cultural distribuída em pontos turísticos da capital paraense.
Os principais temas discutidos pela COP 30 serão:
financiamento climático por parte de países desenvolvidos a países considerados como em desenvolvimento, o que inclui emergentes e subdesenvolvidos;
impactos diferenciais das mudanças climáticas e justiça climática;
adaptação e medidas de enfrentamento de mudanças climáticas;
transição energética e tecnológicas de energia renovável;
diminuição das emissões de gases do efeito estufa e medidas de carbono zero;
redução do desmatamento e preservação das florestas, junto da proteção à biodiversidade.