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O calendário escolar é de extrema importância, pois ele é um elemento constitutivo da organização do currículo escolar. É ele que mostra a quantidade de horas que os professores de cada matéria terão para usar em sala de aula, as avaliações, cursos, os feriados, as férias, períodos em que o ano se divide, os dias letivos, as atividades extracurriculares (como campeonatos interclasse, festa junina, entre outros) e as atividades pedagógicas (como trabalho coletivo na escola, conselho de classe e paradas pedagógicas).
O professor também necessita de tempo para conhecer melhor seus alunos, exercer sua formação continuada dentro do ambiente escolar, participar de cursos e palestras de formação continuada, preparar suas aulas, diários, avaliações, atividades didáticas e acompanhar e avaliar o projeto político-pedagógico em ação.
O estudante também precisa de tempo para, entre outras coisas, se organizar e criar seus espaços para além da sala de aula.
Além disso, essa organização do tempo escolar de cada escola deve levar em consideração a realidade, a região e a estrutura de cada instituição e dos alunos. Por exemplo, em regiões onde a maioria da população, o que engloba os alunos, trabalha na área rural, o calendário escolar deve levar em conta as épocas de safra e entressafra.
Essa organização do tempo escolar é normalmente feita no momento da elaboração do projeto-político-pedagógico (PPP) de cada escola.
As pessoas mais indicadas para a organização desse tempo escolar são os próprios professores, por conhecerem as necessidades e a realidade da sala de aula. No entanto, verifica-se que, na maioria dos casos, são especialistas e membros de outras áreas, os responsáveis por esta parte.
Assim, o resultado é que o tempo escolar fica muito compartimentado e hierarquizado. Isto significa que a grade curricular, que fixa o tempo de cada disciplina, concede mais tempo – que normalmente é apenas de uma hora ou menos – para disciplinas que são consideradas de mais importância em detrimento de outras, que acabam ficando prejudicadas por terem menos tempo para serem desenvolvidas.
Comentando sobre esse assunto e sobre o resultado imediato no desenvolvimento escolar dos alunos, Enguita (1989) diz:
A sucessão de períodos muito breves – sempre de menos de uma hora – dedicados a matérias muito diferentes entre si, sem necessidade de sequência lógica entre elas, sem atender à melhor ou à pior adequação de seu conteúdo a períodos mais longos ou mais curtos e sem prestar nenhuma atenção à cadência do interesse e do trabalho dos estudantes; em suma, a organização habitual do horário escolar ensina ao estudante que o importante não é a qualidade precisa de seu trabalho, a que o dedica, mas sua duração. A escola é o primeiro cenário em que a criança e o jovem presenciam, aceitam e sofrem a redução de seu trabalho a trabalho abstrato. (ENGUITA, 1989, p.180)
Desse modo, vários autores, como Veiga (p. 30) concordam que é necessário reformular a forma em que o tempo escolar é organizado, para alterar a qualidade do trabalho pedagógico.
Por Jennifer Fogaça
Graduada em Química
Equipe Brasil Escola
VEIGA, Ilma Passos Alencastro. (org) Projeto político-pedagógico da escola: uma construção possível. 14a edição Papirus, 2002, pgs. 29,30.
ENGUITA, Mariano F. A face oculta da escola: Educação e trabalho no capitalismo. Porto Alegre, Artes Médicas, 1989.