A linguagem por abreviações tem sido muito utilizada por jovens e crianças, devido aos meios de comunicação virtuais, como celulares, MSN, Orkut, dentre outros.
Muitos linguistas têm lançado críticas às mesmas, de que estão vulgarizando a forma culta da língua, onde os alunos estão perdendo as aprendizagens já existentes, trocando-as pelos modelos virtuais.
Mas é fato certo, não há como voltar atrás. O “miguxês”, como é chamada a linguagem dos jovens na internet, não mais deixará de existir.
Sendo assim, o melhor a se fazer enquanto profissionais da educação é agregar valores e conhecimentos, aproveitando essa prática entre crianças, jovens e muitos adultos, a fim de valorizar as diferentes formas de comunicação, porém, cada uma com seu espaço próprio.
Uma pesquisa recente, realizada pela psicóloga Beverly Plester, da Universidade de Coventry, na Inglaterra, concluiu que esse tipo de escrita pode melhorar as habilidades de escrita dos estudantes, uma vez que os mesmos estão escrevendo muito mais do que as gerações anteriores.
Mesmo sendo numa linguagem sem regras, crianças e jovens apresentam maior criatividade ao produzirem um texto. Nas provas escolares, as respostas dos alunos têm ficado mais curtas e objetivas, escritas com informalidade.
Já os estudantes, afirmam que não veem o uso do miguxês como um problema, alegando que essa linguagem é utilizada para agilizar a comunicação, mas que sabem distinguir que para cada local existe uma forma adequada de se comunicar.
Durante as provas não escrevem com tais abreviações, pois sabem que na escola são exigidas as formas cultas da língua, mas que às vezes podem escapar um você ou um também (vc – tbm) abreviados.
O papel da escola é valorizar a comunicação formal, com as normas corretas de escrita, não aceitando tais modelos em trabalhos e provas, até porque muitos adultos não conhecem a variedade de abreviações existentes no meio, que já possui sites de tradução da linguagem.
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Para os jovens, esse estilo de escrita não acarreta maiores problemas, contudo, nas primeiras séries do ensino fundamental, a mesma pode atrapalhar a compreensão daqueles que ainda não vivem ligados ao mundo virtual. Podem ainda, dificultar o processo de alfabetização, já que até o 5º ano é normal os alunos escreverem em desacordo com a forma padrão.
Assim, trabalhar com cartazes, recortes de letras de revistas e jornais, pode ajudar na construção da linguagem formal. Por que não lançar nas atividades escritas várias abreviações para que os alunos deem seus significados? Seria uma forma inovadora de trabalhar, além de agradar as crianças, que terão o aspecto lúdico, da diversão em internet, transportado para as atividades de sala de aula.
O processo é muito semelhante à etapa de alfabetização, onde as crianças passam a identificar os códigos, escrevendo-os pelos sons dos fonemas, já que ainda não sabem escrever. A palavra casa, durante o nível de alfabetização a que denominamos silábico, aparece escrita kz, ksa, csa, caz, etc.
E os próprios professores podem deixar as aulas mais animadas brincando, lançando no quadro algumas das abreviações. Iniciar a aula escrevendo 9dad (novidade) no quadro será uma forma de buscar a atenção dos alunos, conquistando-os num clima de descontração, que favorece o aprendizado.
Com isso, o professor pode propor a tradução de alguns termos como: add, que significa adicionar; cmg - comigo; flw - falou, ft ou fto - foto; t+ - até mais, tbm - também, vc - você, fds - fim de semana; tc - teclar; dentre outras. É bom lembrar que acrescentar um pouquinho de diversão às aulas ajuda a tirar o clima de cansaço, o sono, e aumenta a participação do grupo. Pense nisso!
Basta ter criatividade para aproveitar o conhecimento adquirido pelos alunos, a fim de valorizar as aprendizagens que já possuem, de enriquecer a construção da escrita, seja ela da forma que for.
Por Jussara de Barros
Graduada em Pedagogia
Equipe Brasil Escola