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O jovem, a educação e o trabalho

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Para compreendermos a juventude e os jovens no momento presente, devemos levar em conta as relações que estes estabelecem em suas famílias, nas escolas e, principalmente, no mercado formal de trabalho e no trabalho assalariado.

É perceptível a importância que os jovens atribuem ao mundo do trabalho, o que exige de nós a reflexão sobre os constrangimentos por que passam, em função do lugar que ocupam na estrutura social e na inadequação do sistema educativo em relação às exigências do mundo atual.

“O trabalho também faz juventude”, tal qual a escolarização, conforme afirma Sposito (2005). Isso implica ouvir os jovens e identificar as problemáticas da educação escolar, em contraste com a família e o mercado de trabalho; e implica, também, entender o que está obrigando muitos deles a deixarem a escola ou estudarem e trabalharem ao mesmo tempo.

Em uma pesquisa realizada entre 2004 e 2005 (IBASE), na sondagem com jovens entre 15 e 24 anos, a educação escolar é a principal questão que se apresenta com inquietação ao lado de problemas como a violência, o trabalho e a desigualdade social.

Nos dados coletados, os jovens chamaram atenção para a deterioração e obsolescência dos prédios, dos equipamentos e dos mobiliários escolares; problemas de relacionamento com os professores, no sentido de distanciamento ou desconsideração à escola; inadequação dos currículos e metodologias no processo de ensino e aprendizagem; e a desigualdade e inadequação da educação ao mercado de trabalho.

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Críticas como essas nos levam a observar a capacidade que muitos jovens têm de olhar e analisar o processo educativo e de reconhecer a si mesmos como sujeitos de direitos, com necessidades e interesses particulares.

É preciso buscar uma interlocução com os jovens e fazer valer os seus direitos, especialmente para ampliar os espaços democráticos e o desenvolvimento de nossa sociedade, no enfrentamento dos dilemas da qualidade da educação escolar pública no Brasil e, dessa forma, refletir sobre o papel do jovem. Que sujeito é esse capaz de uma percepção tão aguda sobre os problemas relativos à qualidade da educação formal que lhe é destinada? Que sujeito é esse que vive tantos constrangimentos em função da posição que ocupa na sociedade e que ainda vê a escola como um canal para a realização dos seus sonhos de mobilidade social? (Almeida & Nakano, 2007).

Eliane da Costa Bruini