Whatsapp

“Pra Fora da Sala”

Imprimir
Texto:
A+
A-

PUBLICIDADE

Indisciplina - É preciso rever os projetos da escola

Após tantos anos de educação, ainda vemos crianças e adolescentes desafiando os professores na sala de aula, fazendo brincadeiras, conversando, jogando aviãozinho, provocando colegas, se negando a participar e fazer as tarefas, etc.

Muitas vezes, os professores, sem saber como lidar com esses “danadinhos”, perdem o controle da situação e os retiram da sala. Porém, essa não é a forma mais adequada de lidar com o problema, pois o mesmo não está sendo resolvido, mas apenas adiado. É preciso entender o porquê daquelas ações, pois por detrás das mesmas existem motivos obscuros, que muitas vezes não estão no controle da escola, precisando alertar a família sobre seu papel, suas responsabilidades.

Pelo lado da escola, e não somente do professor, podem-se considerar vários fatores. Se a mesma está ou não adaptada aos novos modelos de educação (sociointeracionismo e construtivismo), ou se ainda trabalha com uma postura rígida e autoritária; se as carteiras ainda estão dispostas em filas, ou se o grupo se senta em roda, podendo se comunicar olhando nos olhos; se as metodologias e os conteúdos estão adequados para a faixa etária das turmas; se os planejamentos são elaborados pensando nos valores e princípios a serem desenvolvidos, ou se somente como somatória de conteúdos; se são propostas pesquisas e discussões abertas para o processo de aprendizagem ou se o professor ainda é o detentor do saber; etc.

É preciso considerar que a escola é o lugar da educação formal e que os alunos estão ali para se ajustarem às necessidades sociais, às regras de boa convivência, de respeito aos limites, pois a sociedade é movida dessa forma. Temos que respeitar leis e todas elas se referem ao âmbito comportamental, ou seja, não dá para fugir dessas questões que terão que ser apreendidas cedo ou tarde.

Não pare agora... Tem mais depois da publicidade ;)

Sendo assim, expulsá-los da sala caracteriza fraqueza não só do professor, mas da escola como um todo, pois percebe-se a falta de estrutura nos objetivos da instituição para se resolver tais impasses. Pelo contrário, a escola deve estar preparada para lidar com as situações de conflito e isso se dá através de reuniões, de capacitação profissional dos envolvidos no processo educativo, da busca do equilíbrio interno dos seus profissionais para se conseguir o equilíbrio dos alunos.

Tirar um aluno da sala, excluí-lo do grupo, demonstra arbitrariedade, impulsividade. Será possível o aluno deixar de ser agressivo, impulsivo, se é esse o modelo que ele recebe dentro da escola ou até mesmo dentro de casa? Pais que surram, castigam, humilham, ignoram, ainda existem, são grande parte da sociedade, mascarados em valores materiais.

É importante considerar que o aluno “problema” é o que mais precisa dos princípios de educação. Ele deve aprender a conviver com o grupo, aprender a respeitar o direito dos outros, mas também deve ser valorizado dentro de suas potencialidades, pois elas existem, basta que escola e família enxerguem.

E buscando o eixo da família, essa deve estar integrada aos problemas que aparecem com os alunos. Muitas vezes a escola omite problemas e os pais tomam conhecimento de uma situação quando ela já excedeu todos os limites. Um trabalho em conjunto, entre família e escola, é o que irá ajudar o estudante a mudar sua visão em relação à escola, aos estudos, a construir uma boa carreira profissional, a se preparar para o futuro.

Muitas vezes a bagunça aparece porque o mesmo está se sentindo sozinho, abandonado, sem apoio, carente, tendo que buscar outros recursos para chamar a atenção, para se destacar em um grupo que tem outros valores. E isso aparece de forma negativa, através das agressões.

Por Jussara de Barros
Graduada em Pedagogia
Equipe Brasil Escola