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Sala de aula: um objeto de investigação

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A atividade docente é constantemente desafiada pela natureza imprevisível, ambígua e contraditória das interações dentro e fora da sala de aula. Professores, pais, estudantes, pessoal administrativo e funcionários são sujeitos que agem de acordo com seus interesses, valores e percepções.

Nesse contexto, podemos começar a olhar a sala de aula de forma distanciada, tornando-a objeto de investigação, procurando, de início, observá-la e descrevê-la, sem fazer julgamentos. As falas, ações e reações que acontecem podem ser consideradas como um texto escrito em linguagem estranha, cujo significado precisa ser decifrado, a partir de pistas, que o olhar atento pode descobrir.

Analisar o que acontece nos momentos mais enriquecedores da aula é um enfoque bastante estudado pelos pesquisadores. Por outro lado, é importante considerar os momentos em que houve um rompimento, como, por exemplo, o que bloqueou o diálogo? Houve resistência ao pensar ou ao tema? Houve tensões, preconceitos?

Tendo observado os atores, cabe perguntar: qual o sentido dessas falas, dessas interações, desses comportamentos? Em outras palavras, quais razões invisíveis estariam sustentando as práticas que observamos?

A reflexão sobre a prática beneficia-se da interlocução e da partilha também por outras razões. A reflexão ganha dimensão crítica na medida em que não se esgota nas questões disciplinares e didáticas, mas abrange aspectos relacionados às condições institucionais do trabalho e da profissão docentes, às formas de gestão escolar, aos mecanismos sociais de poder e exclusão.

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Como a reflexão está voltada para a transformação das práticas pedagógicas, supõe-se a contínua proposição e a testagem de projetos pedagógicos. Com isso, a atuação do professor caracteriza-se como um trabalho de pesquisa-ação, em que reflexão e ação, teoria e prática, se articulam para reconstruir e aperfeiçoar as atividades curriculares.

Os diários descritivos e apreciativos sobre as atividades docentes podem ser complementados com outras fontes documentais: videogravação, fotos, produção dos alunos, e constituem fontes para que a análise posterior possa ser mais objetiva, além de oferecer dados para subsidiar a produção de comunicação socializada entre professores.

Contudo, a perspectiva do professor reflexivo/investigativo abre a possibilidade para a transformação da escola num espaço de desenvolvimento pessoal, profissional e organizacional aberto a projetos emancipatórios.


Eliane da Costa Bruini