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(...) como toda profissão, o magistério é um ato político porque se realiza no contexto das relações sociais onde se manifestam os interesses das classes sociais. O compromisso ético-político é uma tomada de posição frente aos interesses sociais em jogo na sociedade. - (1994, p. 47). José Carlos Libâneo
Somos uma sociedade acostumada a atribuir a culpa, ou a encontrar quem errou quando algo vai mal. Existe manual infalível que ensine a ensinar o aluno a aprender? No Brasil, por cômputo de honrar acordos internacionais, devido a empréstimos feitos com a justificativa da necessidade de investimentos no sistema educacional, os governos estabeleceram reformas educacionais no Ensino Básico do setor público, com a preocupação de acatar as exigências de financiamentos externos para a educação.
Portanto, os docentes não podem assumir, a culpa pela situação de crise vivida pelo sistema educacional. A intervenção do nosso sistema escolar está baseada em suposições que realmente indicam dificuldades, pois ditam como devemos nos comportar e executar o sistema educacional. Se fosse somente para passar informação, não necessitaríamos de instituições como as escolas. Informação, a mídia passa.
A crise da educação não é culpa de ninguém. Nem dos professores, nem dos administradores ou das diretorias das escolas. Essas hipóteses incorretas foram herdadas através dos anos e nós professores acreditamos que elas fazem parte do cotidiano escolar.Os professores ao longo do tempo, foram obrigados a ser executores de tarefas. Examinar essas questões com criticidade, nos dá a oportunidade real para algumas mudanças significativas.
É importante compreender que a mobilização do conhecimento é interna e supõe um desejo do próprio aluno. A verdadeira ação pelo processo de aprendizado está no educando. A escola que aí está, a real, com professores desmotivados, com sua dignidade ética, moral, econômica e social ameaçada pelos salários desgastados, desgostosos com as más condições de trabalho, cansados pelas jornadas exaustivas, com a percepção de impotência gerada pelos pacotes educacionais, que mudam a cada governo, provocando a descontinuidade dos programas educativos, faz da escola um lugar onde os profissionais não estabelecem a sua identidade. Em razão da subordinação da escola aos interesses dos grupos que dominam a vida social, cultural e econômica do país , e por legitimar as diferenças sociais, o sistema escolar não oferece condições de um trabalho de qualidade da educação.
A crise da educação é um dos cenários da crise do Estado, pois a educação é pública. O Estado tem obrigação de garantir através das políticas educacionais a oportunidade de um ensino de qualidade a todos. Portanto, a escola precisa de idéias claras e valores apropriados; a escola precisa ser menos dever e mais ser. Dentro de uma escola devemos nos perceber como aliados e não como inimigos. O professor solitariamente não conseguirá articular mudanças abrangentes.
As reformas educacionais realizadas no Brasil,impossibilitam a execução dos projetos; desse modo, somos influenciados por modelos inadequados para a resolução de nosso problema. O principal fator decorre do fato de a legislação sempre se espelhar nos interesses das classes representadas no poder. A escola que há alguns anos preocupava-se tão somente com a transmissão do conhecimento e aspectos pertinentes à socialização secundária, está às voltas, atualmente, com problemas de socialização de difícil solução dentro das referências em que ela se construiu. Sendo assim, os professores são os atores que mais sofrem as inseguranças para darem conta das demandas que aparecem nas salas de aulas.
“As reformas presentes, no plano do discurso, exigem descentralização e flexibilidade, mas as práticas institucionais ainda se vêem obrigadas a acontecerem dentro de um panorama de imobilismo e de travas burocráticas.” (Edson do Carmo Inforsato).
Segundo Silva (1996, p. 47,48): (...) a escola pública, em nosso país identificada com a escola estatal, tem como elemento definidor mais importante o fato de ser primeiramente “escola” e posteriormente “pública”; em outras palavras, não é o público que lhe dá o toque essencial, mas o ser escola. (...) a escola pública será aquela que está a serviço dos interesses autênticos da população”.
Amélia Hamze
Profª FEB/CETEC
FISO/ISEB-Barretos