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Por Taís Bento e Roberta Bento
SOS Educação é a coluna do Educador feita por Roberta e Taís Bento que trará dicas para pais e educadores a fim de contribuir com a formação de crianças e adolescentes.

O mundo melhor que desejamos para nossos filhos depende de nossas atitudes enquanto estamos dentro de casa

Mesmo que o home office em tempos de pandemia seja estressante, é possível aproveitar o árduo momento para deixar lições positivas aos nossos filhos.
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O mundo melhor que sonhamos encontrar começa nas lições que ensinamos aos nossos filhos diariamente pelas nossas atitudes e posturas nas conversas e reuniões à distância. Certamente você já ouviu alguém dizendo que voltaremos melhores depois desse susto que passamos. Nas primeiras semanas de confinamento, era mais comum ouvir sobre pensamento coletivo ou sobre o quanto estamos todos conectados. Quando as escolas pararam, ainda havia aquela sensação de “estamos juntos”, que deveria ser a prática constante entre família e escola.

Como o “fechar a escola” não foi uma opção, mas uma determinação, não houve polêmica –  inclusive pelo medo que cercava as pessoas diante do desconhecido. Porém, quanto mais o tempo passa, mais o estresse aumenta em relação a vários aspectos da vida que estão sendo cada vez mais impactados, e começamos a ver menos tolerância, respeito e paciência nas relações entre as duas instituições que são a base para uma vida melhor para todos: família e escola. E quanto mais pais e as escolas se estressam, mais lições negativas deixamos para nossos filhos.

Leia também: O que os pais deixarão como legado para os filhos nesta pandemia?

O que os pais podem fazer para deixar lições positivas para os filhos neste momento?

Não sabemos exatamente em que ponto do jogo estamos, mas pela observação do que aconteceu nos países que sofreram o impacto antes de nós, talvez estejamos entrando no segundo tempo. É hora de respirar fundo, continuar com foco em sair vencedor, seguir com o objetivo de levar nossos filhos ao outro lado desta crise sem maiores prejuízos emocionais e capazes de construir o mundo melhor que imaginamos lá no começo da quarentena, quando ainda tínhamos a energia dos abraços, das conversas, da vida ao ar livre.

Nossas atitudes dentro de casa determinarão muito daquilo que nossos filhos levarão desta pandemia.
Nossas atitudes dentro de casa determinarão muito daquilo que nossos filhos levarão desta pandemia.

Hoje somos a única fonte de inspiração e aprendizagem para nossos filhos sobre como manter o respeito, a tolerância e o pensamento coletivo mesmo em situações de altíssimo estresse. No dia a dia, estamos dando uma aula que nossos filhos jamais esquecerão. Será que nossa prática está ensinando aquilo que desejamos que nossos filhos aprendam?

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É sim estressante fazer home office com filhos em casa, mas o que seu filho está aprendendo sobre você e com o profissional que ele está conhecendo de perto marcará a relação de vocês para sempre! Na maior parte do tempo, mesmo que você trabalhe em casa, seu filho não presencia ou acompanha seu dia a dia profissional. Mesmo nos dias atuais, em que nosso trabalho vai conosco para casa no celular ou laptop, nossos filhos não sabiam o que estávamos resolvendo quando respondíamos uma mensagem ou terminávamos um documento pendente. Isso porque, até março, separávamos nossos papéis: ora éramos pai/mãe, ora éramos profissionais. O trabalho e a vida em família caminhavam em paralelo. Assim, muito sobre nossa atuação profissional ficava a cargo da imaginação de nossos filhos.

Com a pandemia, nossas relações de trabalho e em família uniram-se no mesmo espaço.
Com a pandemia, nossas relações de trabalho e em família uniram-se no mesmo espaço.

Esta situação tão inusitada que estamos vivendo trouxe um caos para nossa vida porque misturou o que sabíamos fazer tão bem de forma separada. De repente, isso tudo se misturou de uma forma tão intensa que nos vimos perdidos. E assim caiu a ilusão que muitos tinham em relação ao home office. Para muitos pais, isso se tornou um pesadelo. Mas esquecemos de que o home office sem pandemia não funciona assim como está ocorrendo agora.

Leia também: Como equilibrar o tempo que os filhos passam nas telinhas durante a quarentena?

O estresse vem do acúmulo de papéis no mesmo ambiente, no mesmo horário, sem ter para quem pedir ajuda. Pai, mãe, olhem para isso tudo que você conseguiu fazer até agora. Você está aí há quase quatro meses conseguindo, mesmo que física e emocionalmente exausto(a). E seu filho está aprendendo muito sobre o profissional que você é, sobre os limites que você tem, sobre o quão desafiador é a parte do seu dia que ele nunca via. Mesmo que esteja sendo exaustivo, seu filho está aprendendo mais sobre você do que você imagina.

Deixe que ele ajude você em algum momento. Agradeça ao que ele fizer, mesmo que seja algo simples, e assim seu filho vai conseguir força, energia e inspiração para assumir as responsabilidades dele com os estudos. Mais do que isso, o respeito e o vínculo entre vocês serão muito maiores, pelo resto da vida.

Por Taís e Roberta Bento

SOBRE O AUTOR

Taís e Roberta Bento são fundadoras do SOS Educação (site de educação do portal Estadão), palestrantes e responsáveis pela coluna Escola da revista Pais&Filhos. Também são membros do Conselho Acadêmico de Educação da Universidade Simon Fraser (Canadá) e autoras do livro “Socorro, meu filho não estuda!”.

Roberta Bento

Graduada em Letras, Roberta possui especialização em formação de professores de Línguas (International House, na Inglaterra) e pós-graduação em Marketing e em Gestão de Pessoas pela Fundação Getúlio Vargas (FGV). Também é especializada em Aprendizagem Baseada no Funcionamento do Cérebro, pela Universidade da Califórnia e Universidade Duke, e em Aprendizagem Cooperativa, pela Universidade de Minnesota e Universidade de San Diego.

Taís Bento

É graduada em Pedagogia pela Universidade de São Paulo (USP) e pós-graduada em Marketing pela Fundação Armando Álvares Penteado (Faap). Também possui especialização em Aprendizagem Baseada no Funcionamento do Cérebro e Aprendizagem Cooperativa, pela Universidade de Minnesota e pela Universidade de San Diego.