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Há que se considerar que a escola representa uma extensão em se tratando da rotina cotidiana dos educandos. E assim como no ambiente familiar, eles tendem a manifestar suas atitudes, sejam estas concebidas de forma negativa ou positiva. Contudo, o que hoje presenciamos na maioria dos ambientes escolares são jovens agressivos e autoritários por excelência.
De acordo com a opinião de especialistas, vários fatores incidem de forma direta na problemática em questão. A começar pelo fato de que nesta fase há uma necessidade inconsciente do contato com a pele do outro, no sentido de explorá-la, muitas vezes manifestada por aquelas famigeradas “lutas de mão”, no intuito de testar a resistência física do companheiro. Outro aspecto relaciona-se à própria sociedade, dadas as influências desempenhadas pelos papéis sociais, sobretudo no que diz respeito aos homens em se tratando da virilidade, uma vez que o não enfrentamento mediante a algumas situações, principalmente relacionadas a brigas e disputas, pode configurar a ausência desta.
Sem contar que a estrutura familiar ou a falta dela retrata por demais sua cota de participação, pois a conduta agressiva por parte dos pais pode influenciar no comportamento daquele que ainda encontra-se construindo sua própria personalidade. É o que nos revela Sônia Maria Pereira Vidigal, pesquisadora do Grupo de Estudos e Pesquisas em Educação Moral da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (UNESP):
“Pais que se colocam sempre em condição superior aos filhos tendem a transmitir esse comportamento. Respeito não se ganha com medo”.
Por outro lado, há aqueles que por um motivo ou outro optaram por serem permissivos ao extremo e, quando resolvem tomar uma posição, são recebidos com total descrédito.
Mediante esses dois extremos, tomadas de posições pautadas no equilíbrio parecem evidenciar sua efetiva eficácia, pois somente assim haverá o merecido respeito de ambas as partes. Mas afinal, e a escola? Qual o papel que devemos atribuir a ela?
Notadamente, o posicionamento de grande parte das instituições de ensino, no sentido de coibir algumas práticas, tem se baseado tão somente em punições. Primeiramente surgem as punições, e quando não são suficientes, vêm as suspensões, fato este considerado como apenas uma transferência de responsabilidades. A verdade é que muitos educandos, cientes de tais medidas, apenas esperam “pela próxima”.
Diante disso, considera-se que tais medidas carecem de uma verdadeira reformulação, no sentido de contornar o problema pela raiz. Assim como nos explica Telma Vinha, professora do Departamento de Psicologia Educacional da Faculdade de Educação de Campinas (Unicamp):
“Essas medidas não são educativas e vão contra o objetivo de formar pessoas autônomas.”
Fazer com que os alunos reflitam acerca de suas atitudes representa uma atitude extremamente louvável. Para tanto, uma das saídas é trabalhar no sentido de recuperar a noção de valores – até então esquecidas no tempo – por meio de textos que promovam momentos de reflexão em sala de aula, enfatizando sempre que o respeito mútuo é elemento primordial nas relações sociais como um todo. Outra é promover palestras periódicas, ministradas por profissionais da área, no sentido de colocar os jovens frente a frente com a realidade que os cerca e, sobretudo, possibilitar que eles ampliem sua visão de mundo e seu espírito crítico em relação aos fatos que nela circundam.
Por Vânia Duarte
Graduada em Letras
Equipe Brasil Escola