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Atividades Integradoras: Uma Prática do Orientador de Aprendizagem e Integração no Ensino de Matemática – PROJOVEM
Resumo - O Programa Nacional de Inclusão de Jovens – Projovem vem trazer à juventude uma política de intervenção numa perspectiva inovadora, onde aglutina a educação básica, qualificação para o trabalho e a ação comunitária. O presente artigo tem como tema central, as competências do educador da vertente, educação básica, no que se refere a sua proposta de trabalho, enquanto professor de orientação de aprendizagem e integração bem como se deram às atividades ao longo do seu trabalho docente, em particular no Ensino da Matemática. A pesquisa tem caráter qualitativo. Para complementação do estudo, utilizamos a pesquisa participante, desenvolvida por ocasião do trabalho docente, realizado, no núcleo/escola E.M.E.F.I. Vivente Fialho, Estação Vila União/Pici, Fortaleza-Ce, quando tivemos a oportunidade de vivenciar e tentar compreender melhor como se dá o processo de orientação de aprendizagem e integração. Devemos ressaltar que os alunos realizaram atividades mostrando competência, com o trabalho cooperativo, facilitando, assim, a operacionalização da nossa proposta de, através da transversalidade e interdisciplinaridade, melhoramos nossa prática. Nessa perspectiva, temos uma proposta de possibilitar a articulação das áreas afins, facilitando o processo de ensino-aprendizagem.
O Programa Nacional de Inclusão de Jovens: Educação, Qualificação e Ação Comunitária – Projovem é componente estratégico da Política Nacional de Juventude, do Governo federal. Foi implantado em 2005, sob a coordenação da Secretária-Geral da Presidência da República em parceria com o Ministério da Educação, o Ministério do Trabalho e Emprego e o Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome.
Seus destinatários são jovens de 18 a 24 anos que terminaram a quarta série, mas não concluíram a oitava série do ensino fundamental e não têm vínculos formais de trabalho. Aos participantes, o Projovem oferecerá oportunidades de elevação da escolaridade, de qualificação profissional e de planejamento e execução de ações comunitárias de interesse público.
O Projovem se organiza como uma rede em que os núcleos representam a menor célula e se articulam em estações juventude. Essas se ligam a uma coordenação municipal, que, por sua vez, se articula com a coordenação nacional.
O Programa deverá contribuir especificamente para a re-inserção do jovem na escola; a identificação de oportunidades de trabalho e capacitação dos jovens para o mundo do trabalho; a identificação, elaboração de planos e o desenvolvimento de experiências de ações comunitárias e a inclusão digital como instrumento de inserção produtiva e de comunicação.
Diante deste contexto, surge o professor orientador, no qual desempenha uma função essencial, promover o trabalho interdisciplinar e a integração de todas ações curriculares.
Enquanto professor, nossa competência em sala de aula é socializar saberes, mediar relações e gerir o processo educativo. A função do professor orientador, do Programa, exige uma participação maior no processo, no qual tem três incumbências principais: a orientação da aprendizagem do aluno; a apropriação do uso das tecnologias de informação e comunicação, como meio para inserção do jovem na sociedade tecnológica e o trabalho da construção da interdisciplinaridade, através dos temas integradores, que por sua vez faz uso da transversalidade como possibilidade de efetivar ações pedagógicas.
O interesse por esta temática se deu, fundamentalmente, devido às várias dificuldades que impedem o educador progressista de atuar de forma eficiente. Acreditamos, porém, ser essa deficiência decorrente da falta de embasamento teórico necessário a cada profissional, levando-a a descobrir formas de conhecer e atuar no seu campo de trabalho, que é amplo e complexo, como também, as várias mudanças decorrentes das diferentes tendências pedagógicas que são implantadas dentro das escolas públicas, tornando, muitas vezes, impossível diagnosticar os problemas dos discentes.
Por ocasião do trabalho desenvolvido no núcleo/escola Vicente Fialho, durante 2006, tivemos oportunidade de vivenciar práticas pedagógicas inovadoras, a partir das ações desenvolvidas pelo professor orientador, através de atividades extracurriculares e curriculares. Propusemo-nos desenvolver ações que tentasse potencializar competências da orientação de aprendizagem, tendo como propósito uma discussão maior sobre a atuação desse profissional no Ensino da Matemática.
A postura dos professores que se encontram envolvidos no processo do ensino aprendizagem e a rejeição dos alunos à Matemática são fatores que interferem na prática do seu ensino, emboram não sejam os únicos.
Tivemos como objetivo analisar a contribuição das atividades promovidas pelo orientador de aprendizagem, no Ensino da Matemática, a partir dos dados objetivos da prática docente e das competências e habilidades dos sujeitos pesquisados.
Iniciamos o processo de investigação com a pesquisa bibliográfica para, em seguida, realizar a pesquisa de campo. A metodologia escolhida tem uma etapa importante no levantamento e análise sobre o Ensino da Matemática, em bibliografia específica, além das pesquisas e das análises integradas feitas nos documentos do Ministério da Educação sobre os PCN’s e o manual do educador I e II, destinados à formação continuada dos educadores do Programa.
As mudanças que vêem acontecendo na educação são significativas para formamos uma nova concepção do que seria desenvolver uma prática contextualizada à realidade do aluno. Porém, com essa dinâmica de tornar o aluno um cidadão protagonista do meio em que vive, precisamos estar preparados para desenvolvermos uma nova forma de fazer educação, pois de certa maneira ainda temos raízes no modo tradicional de ensino, que na maioria das vezes, anula essa nova proposta educacional.
Tendo em vista essas mudanças, que vêm sendo discutidas há algum tempo, em âmbito internacional, em fazer uma educação preocupada com as necessidades dos alunos, avaliamos a proposta de trabalharmos com a transversalidade, a partir de ações colocadas como forma de facilitar o processo de ensino-aprendizagem e inserção do presente jovem na sociedade.
Potencializar competências e habilidades através da transversalidade, como estratégia mediadora da prática, fazendo uso da interdisciplinaridade entre as três vertentes; proporcionando aos alunos o conhecimento de potencialidades do entorno da Estação Vila União, no caso, na área de trânsito, a partir da visita feita ao Controle de Tráfego em Área de Fortaleza – CTAFOR, , foi uma das atividades, que serviu de base para os alunos abordarem a temática, na qual, em particular discutimos assuntos relacionados ao currículo de Matemática, enfocando na Unidade Formativa 1: Juventude e Cidade, o conceito de direção e sentido, trabalhando o paralelismo e perpendicularismo, introduzindo as definições de retas paralelas e oblíquas, visualizando distâncias na cidade.
Disseminar práticas solidárias e de integração nos alunos do núcleo a partir de uma Sexta Cultural, foi mais uma atividade desenvolvida, que aconteceu com o propósito de fazermos uma discussão sobre a importância da cultura afro-brasileira, da capoeira, para os jovens de nossa cidade, tentando potencializar as competências exigidas, ainda, na Unidade Formativa 1, ressaltando que
“A construção e a utilização do conhecimento matemático não são feitas apenas por matemáticos, cientistas ou engenheiros, mas, de formas diferenciadas, por todos os grupos socioculturais, que desenvolvem e utilizam habilidades para contar, localizar, medir, desenhar, representar, jogar e explicar, em função de suas necessidades e interesses” (BRASIL, 1998, p. 32)
No mundo globalizado em que vivemos, onde o mercado de trabalho é dinâmico e cruel, o “deus supremo” e o individualismo imperam nas grandes cidades, muitos adultos e a grande parte da juventude ficam à margem do sistema do trabalho.
A partir dessa realidade e dos interesses dos(as) alunos(as), é que o trabalho de intervenção, Jornada de Interação Pedagógica – Gestão Escolar e Práticas de Ofícios, promovido, por um grupo de alunos do curso de Habilitação em Administração Escolar, mediada pela professora Ms. Jeannette Pouchain, buscou colaborar de forma efetiva e em parceria com o núcleo gestor do presente núcleo e do Projovem, no processo de inclusão e melhoria, mesmo que pequena, da vida dos(as) alunos(as), parentes e amigos, através de um projeto de interação pedagógica, desenvolvido para os(as) alunos(as) das turmas de Educação de Jovens e Adultos – EJA e do Projovem, auxiliados pelos seus orientadores, para atender a comunidade a sua volta.
A presente atividade potencializou competências da Unidade Formativa 2: Juventude e Trabalho, em que possibilitou a contextualização do currículo de Matemática, a partir do incentivo do uso da calculadora, como ferramenta de trabalho nas aulas de Matemática; foram trabalhados os conceitos de grandezas onde é necessário fazer algum tipo de cálculo proporcional, culminando tal aprendizado na Feira Solidária para expor os trabalhos desenvolvidos pelos(as) alunos(as).
É na segunda Unidade Formativa, que fizemos uso das tecnologias de informação e comunicação, na qual propusemo-nos a inserir o computador como ferramenta de auxílio as nossas atividades curriculares, de forma que viesse complementar os estudos até então abordados, em sala, e proporcionar aos aprendizes a liberdade responsável no uso da internet implicando o aumento da autonomia e da responsabilidade, sem falar no desenvolvimento de novas habilidades e na aplicação das interações com o próprio grupo e com pessoas de outros meios sociais e culturais.
Como vem sendo discutido, o profissional da educação sente a necessidade de contextualizar sua prática para fazer com que as vivências dos alunos cheguem à sala de aula, em que as mesmas possam ser articuladas aos conteúdos, dando significados ao que está sendo proposto como atividades para viabilizar o ensino-aprendizagem.
Essa postura de valorizar e trabalhar a realidade dos alunos, contextualizando a prática pedagógica é interessante, porém as mudanças decorrentes das diferentes tendências pedagógicas que estão sempre acontecendo em nosso trabalho, dificultam às vezes nossa prática, por não existir tempo suficiente para apropriarmos dos conhecimentos necessários. Outro fator considerável seria a realidade do aluno que não é condizente com as transformações que acontecem de repente, aonde à adaptação vem tardia. Tenhamos a consciência de que trabalhar dessa maneira é difícil, mas não impossível.
O mais importante é que a equipe se mantenha entrosada e trabalhe de maneira integrada e interdisciplinar de modo a criar situações de ensino e aprendizagem apropriadas para o alcance dos objetivos colocados anteriormente.
Nesta perspectiva, lembramos que a avaliação antecede, acompanha e sucede o trabalho pedagógico. Portanto, utilizamos modalidades diferentes, conforme em que ela é demandada ou realizada.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
[1] SALGADO, Maria U. C. Manual do educador: Projovem. Brasília, v. 1-2, 2005.
[2] BRASIL, Secretária de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares nacionais: temas transversais. 3 ed. Brasília: MEC, 1998.
Por Rodiney Marcelo
Colunista Brasil Escola