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A vida cotidiana é determinada pela era planetária, que começou com a conquista das Américas, a partir de 1492, e com a navegação portuguesa pelo mundo no final do século XV. A era planetária se expandiu com as conquistas, com o desmoronamento dos valores humanos e destruição de existências humanas, com a escravidão, e hoje continua com a globalização econômica, que proporciona certas vantagens e riquezas, mas, que ao mesmo tempo, origina muito empobrecimento. É uma era em que todos os seres humanos se encontram unidos numa espécie de comunidade de destino cada vez maior.
O sistema educacional fragmenta a realidade, simplifica o complexo, separa o estudo das disciplinas, desconhece a multiplicidade e a diversidade. A educação deveria mostrar as conexões entre os saberes, a complexidade da vida e das dificuldades que hoje existem. O ser humano é a um só tempo físico, biológico, psíquico, intelectual, cultural, social. Esta integração complexa da natureza humana é totalmente desintegrada na educação por meio das disciplinas, tendo-se tornado impossível aprender o que significa “ser humano”.
Portanto, é de capital importância neste momento contemporâneo trabalhar nas escolas a idéia do erro (a educação deve indicar que não há conhecimento que não esteja em alguma situação ameaçado pelo erro e pela ilusão); a idéia do pertinente (a superioridade do conhecimento fragmentado deve ser substituída por uma atitude de informação capaz de apreender os elementos em seu contexto, em sua complexidade); a condição humana (precisamos reaprender que somos naturais da nossa própria espécie, que é a identidade comum a todos os humanos); a identidade terrena (precisamos construir um planeta duradouro, sustentável); a enfrentar as incertezas (necessitamos ensinar que o conhecimento científico não é obra de certeza e sim vinculado à idéia de incerteza).
Ao disponibilizarmos momentos para a aprendizagem da compreensão, estaremos trabalhando no sentido de entendermos que, o planeta precisa de mais compreensão em todos os sentidos. O desenvolvimento da compreensão demanda as reformas das mentalidades. Ao falarmos sobre a ética do gênero humano, evidenciaremos que a educação deve conduzir ao entendimento de que a condição humana é ser ao mesmo tempo indivíduo/sociedade/espécie, necessitando da influência mútua entre a sociedade e o indivíduo e entre o indivíduo e a sociedade, que nos faculta a cidadania terrestre. A condição humana deveria ser o objeto fundamental de todo o ensino/aprendizagem. O planeta necessita, em todos os sentidos, de compreensão mútua.
A educação deve enfatizar a tripla realidade (o caráter ternário da espécie humana), que é ser ao mesmo tempo indivíduo/sociedade/espécie, buscando ao mesmo tempo compreender a necessidade das autonomias individuais, interligadas às participações comunitárias e à consciência de pertencer à espécie humana. Só assim, a educação nessa era contemporânea terá cumprido o seu papel, ao estabelecer uma relação recíproca de responsabilidade entre a sociedade e os indivíduos, gerando a democracia e concebendo a humanidade como comunidade planetária, apontando que todos os seres humanos, de agora em diante têm os mesmos problemas de vida e de morte e participam de um percurso coletivo.
Ref: MORIN, Edgar, Terra-Pátria; sete saberes.
Amélia Hamze
Profª FEB/CETEC
ISEB/FISO