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Cultura da imagem, linguagem e técnica da mídia

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É inegável o poder dos meios de comunicação sobre o conhecimento, as opiniões e o modo de ver a realidade. A enchente de imagens e mensagens auditivas e visuais transmitidas pelos meios de comunicação afeta a população em geral. É importantíssimo, portanto, o papel que os meios de comunicação representam como mediadores da realidade no processo pedagógico da apropriação do conhecimento, uma vez que eles têm a capacidade de registrar e transmitir o acúmulo de conhecimentos já produzidos pela humanidade ao longo do tempo. A utilização pedagógica desses meios de comunicação busca refletir como podem ser utilizados esses poderosos transmissores de informação em benefício da sociedade.

De acordo com Ferres (1996) “A televisão tornou-se um fenômeno cultural impressionante na história da humanidade, e é a prática para a qual os cidadãos estão menos preparados. Isso acontece porque a escola tem-se preocupado apenas com reproduzir alguns conhecimentos, perpetuando a cultura e conseqüentemente ficando à margem dessa sociedade que precisa educar para uma cultura da imagem”.
A era pós-industrial se caracteriza não mais pela intensiva utilização de máquinas, mas pela veemente aplicação do conhecimento. O “input” mais valorizado não é nem a matéria prima, nem o capital financeiro, nem os equipamentos, mas cérebros. Por isso, em nenhuma outra época foi tão importante a escola dar conta da sua missão em relação ao conhecimento. Aliás, melhor seria retirarmos o conhecimento da condição de “input”; ele supera a categoria de “input” ou de mercadoria, como o valor do ser humano, na sua totalidade, ultrapassa ao conhecimento por ele acumulado. O aluno é um ser humano em constante construção física, intelectual, afetiva, ética, estética, a partir de uma subjetividade única, especial e individual que se desenvolve na relação com o outro e com o mundo. Por isso a escola não pode fragmentar o aluno e, muito menos, prepará-lo para o uso do mercado acumulando-o de conhecimento para ser fruto de consumo. O campo educacional é centralmente cruzado por relações que conectam poder e cultura, pedagogia e política, memória e história. Esta clareza sobre a política da educação implica então, necessariamente, numa visão critica do ensino. A necessidade de um novo pensar sobre a educação tem sido levantada nas últimas décadas. Construir um pensamento crítico, constitui a profundidade teórica da educação. Assim sendo, num procedimento de formação crítica, a escola precisa fornecer, além dos conhecimentos historicamente construídos, os instrumentos necessários para que os a alunos busquem esses conhecimentos e reflitam sobre a forma como eles são produzidos.

A idéia de uma “alfabetização de imagens” (Cf. Almeida, 2001) significa exatamente um tipo de exercício possível e necessário na escola, mas que precisa ser aprofundado, a escola precisa encontrar espaço e tempo para entender os meios, a linguagem e a técnica da mídia, para desvelar os seus mecanismos internos, contribuindo assim para a adoção de uma postura crítica e não meramente contemplativa.”“.

Por mais que existam forças globalizantes; por mais que se apresente um multiculturalismo que interfere nas culturas; por mais que a mídia interfira como força homogeneizante e desequilibradora de conceitos individuais e sociais, o professor e a escola não podem desistir de sua autonomia criadora para uma educação reflexiva, emancipatória e autônoma. Devemos lembrar que o mundo é tanto tribal quanto geral, há uma comunicação generalizada, com propagação dos valores locais. A presença dos meios de comunicação no nosso cotidiano permite uma coexistência entre culturas diferentes, invade os lares com informações maciças, aceleradas e quase sempre sem ligação umas com as outras. Com isso há um aumento de possibilidades de comunicação entre as pessoas com a existência de valores modernos e antigos. Comunicação quanto Educação são campos historicamente constituídos, deliberados, visíveis e fortes. Desde sempre o homem educou-se e educou seu igual, fazendo isto de modos distintos. Desde sempre o homem estabeleceu procedimentos de comunicação entre si, usando para isto saídas diferentes. São palcos com visibilidade dos seus respectivos corpos sociais. Ainda que o corpo social tenha mobilidade histórica e possa ter numa mesma época contatos de abrangência e leitura desiguais, os discursos, os acenos e condutas de educadores e comunicadores se fixam em bases diferentes.

O discurso educacional é mais fechado, oficial. Legitimado por autoridades, não é interrogado. Neste sentido, é autoritário, posto que é selecionado por autoridades e imposto em forma de "programas" a alunos e professores. A margem de "deturpação" é mínima. O discurso comunicacional é aberto, flexível, oficioso, no sentido de que está sempre a procura do original, do diferente, do extraordinário. O ajuste se dá pelo equilíbrio de seus fornecimentos que, no entanto, podem ou não ser aprovados pela audiência. Essa política de comunicação social precisa ser compreendida. A lógica usada pelos patenteadores dos sistemas de meios de comunicação necessita ser conhecida pelos seus usuários e a escola pode ser um local de ponderação sobre a relação comunicação e educação. A sociedade encontra-se na era da informação, na qual se depara com os mais variados recursos e meios de comunicação, que de maneira massificante transforma a vida social e psicológica dos indivíduos. Por este motivo, cabe à escola tornar acessível ao universo escolar, um conjunto de saberes e habilidades que estão sendo elaborados nos dias de hoje, mediante novas pedagogias que compreendem os meios de comunicação na aprendizagem, a fim de associar as estratégias cognitivas, emocionais e afetivas dos educandos gerados numa era digital e conectar os professores ao mundo dos alunos. Busca-se hoje, através do ensino, o desenvolvimento da autonomia intelectual dos alunos; que eles adquiram uma postura de protagonista da ação educativa, ativa, participativa e reflexiva, diante da noção histórica, e que ousem assumir posições diante das contradições que se lhes apresentam; enfim, que sejam críticos.

É necessário incluir novas tecnologias e diferentes linguagens no domínio da escola, incorporando-as no dia-a-dia da sala de aula. Esta seria uma forma de reverter o quadro, fazer com que as pessoas passem a olhar e ouvir a si próprias e, a refletir criticamente sobre o que estão vendo e ouvindo. À medida que, aprenderem a fazer a leitura crítica dos meios de comunicação, passarão a anotar e tornar conhecida a cultura de sua comunidade, as notícias e fatos que lhes dizem respeito. Nossa missão educativa implica o trabalho pela valorização da dimensão humana, eficaz em todo projeto de comunicação. Trabalhar com recursos audiovisuais para nós significa democratizar o acesso do público à informação, à cultura e à cidadania. A linguagem audiovisual abre diferentes probabilidades e oportunidades educacionais. Conhecendo as técnicas para utilizá-las pedagogicamente, fazem das mesmas, instrumentos de criação, expressão e comunicação. A linguagem audiovisual, no sistema educativo, não pode ser apenas transmissora de informações. Deve-se considerar não apenas a metodologia com imagens, mas também trabalhar a metodologia da imagem. Devemos aprender a repensar um novo espaço e uma nova perspectiva educativa. Uma das principais características do mundo atual consiste no fato de que diferentes espaços se complementam e se interagem. Não se pode mais pensar em lugares isolados. A escola, a sala de aula dentro da sociedade contemporânea não pode mais ser considerada como um lugar isolado, mas sim um lugar dentro de outros espaços, interagindo-se reciprocamente e utilizando adequadamente os recursos audiovisuais.


Autora: Amelia Hamze
Profª FEB/CETEC e FISO

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