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O Professor norte-americano Dr. Matthew Lipman, preocupado com a atuação precária de seus alunos, concebeu o Programa Filosofia para Crianças, dispondo-se a ampliar o desenvolvimento das habilidades cognitivas mediante discussões de assuntos filosóficos e propondo, com tais discussões, a introdução filosófica de crianças e jovens, no final da década de 60. A partir de 1976 o Programa Filosofia para Crianças, difundiu-se pelo mundo, sendo traduzido e colocado em prática em vários países. A finalidade é desenvolver as habilidades cognitivas dentro de um contexto significativo, através do diálogo. É através de procedimentos dialógicos que, se motiva o aprendizado de um pensar ponderado, inventivo, de uma maneira contextualizada e, também se elabora a construção do aprendizado da cidadania,através de uma convivência saudável, respeitando as idéias divergentes e a variedade cultural, onde as salas de aula são transformadas em pequenas comunidades de investigação.
O Programa de Filosofia para Crianças indica o envolvimento de alunos, de maneira reflexiva, com assuntos especificamente formativos de base humanística .São trabalhados os temas, que enfatizam os valores (especialmente os morais), a coexistência social, a importância do pensar de modo reflexivo , autônomo, global e sistemático, propícios ao filosofar. O Programa de Filosofia para Crianças colabora na formação de cidadãos competentes em solucionar problemas e encontrar saídas criativas e éticas, nos diversos contextos em que vivem.
O Referencial Nacional para a Educação Infantil afirma que as crianças são capazes de construir o conhecimento e o aprendizado através do enfrentamento de situações em que elas próprias têm que buscar respostas e soluções. A curiosidade da criança busca o questionamento, possui a ânsia de compreender os significados e as utilidades da experiência e do mundo, e faz da descoberta da linguagem um elemento para capturar as pontes entre ela e o outro através da interação social.
De acordo com Ann Sharp no seu livro "Nova Educação - A comunidade de investigação na sala de aula", os materiais devem incorporar personagens, situações, experiências e linguagem que permitam a identificação das crianças, assim como devem abrir para exploração uma variedade de conceitos e idéias que, mesmo baseados nas experiências das crianças, são suficientemente intrigantes para levar ao questionamento e à investigação, assim, devem ser estimuladas para a curiosidade sobre o mundo e preparadas para embarcar em uma investigação colaborativa com os amigos.
Com a incorporação da Filosofia no currículo da Educação Básica, o que se almeja é uma educação voltada para a convivência democrática, para a criação de atitudes sociais de respeito aos semelhantes, considerando pontos de vista diferentes, a ponto de modificarem seus próprios conceitos a respeito de temas significativos e de permitirem conscientemente que suas próprias idéias sejam enriquecidas através das interações com seus pares.
Devemos enfatizar que, ao se trabalhar a filosofia com as crianças, constatamos com facilidade que elas têm uma especial inclinação para a curiosidade, para a indagação, investigação, debate e reflexão.Da mesma maneira que a criança aprende a falar, a andar, também aprende a filosofar, quando indaga sobre as coisas do mundo que a cerca. Portanto a filosofia está em tudo, nas cores do arco- íris, no nome de seus familiares e amigos, no canto do passarinho, no afago do seu cão. A filosofia faz a criança viajar no imaginário infantil.
Referências: MONTAIGNE, Michel de. Da educação das crianças.
Amélia Hamze
Profª da FEB/CETEC
ISEB/FISO-Barretos