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Formação de professores de educação física na modalidade a distância

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Pensar a formação de professores de Educação Física na modalidade à distância pode parecer uma tarefa estranha à primeira vista. Isso porque, quando pensamos em Educação Física, a primeira ideia que surge é a da prática corporal, elemento que será discutido no decorrer do texto.

A Educação a Distância não é novidade nem para o Brasil e nem para o resto do mundo. Em primeiro lugar, é necessário conceituar “ensino a distância”: trata-se de uma modalidade de ensino em que professores e alunos agem em condições distintas de tempo e de espaço. Por isso, falar em educação a distância não significa necessariamente falar em uso da internet, ainda que muitas vezes receba essa conotação. Segundo Nunes (2009), “a educação a distância é voltada especialmente (mas não exclusivamente) para adultos que, em geral, já estão no mundo corporativo e dispõem de tempo suficiente para estudar, a fim de completar sua formação básica ou mesmo fazer um novo curso”. Esse tipo de aluno, tendo em mãos um material didático de alta qualidade, pode estudar do princípio ao fim toda a matéria de cada programa, realizando sucessivas autoavaliações, até sentir-se em condições de se apresentar para exames de proficiência.

O Ensino a Distância no Brasil, se entendido a partir de seu sentido literal, teve seu início nas primeiras décadas do século XX. O final da década de 30 viu emergir um método de ensino-aprendizagem via postal, cujo material centrava-se em apostilas, e que tinha finalidade profissionalizante. Nessa época, em que aparelhos eletrônicos começavam a surgir, era fundamental que pessoas fossem habilitadas para consertá-los e instalá-los. E a oferta de cursos semiprofissionalizantes pelo correio ganhou corpo. Para Schlunzen Junior (2009), o marco inicial da EaD no Brasil se deu em 1941, com a fundação do Instituto Universal Brasileiro. Já Voltolini aponta o Instituto Rádio Monitor, como a primeira experiência nacional em EaD, iniciada em 1939. Em seguida, o rádio foi utilizado para essa finalidade, especificamente no que se refere aos projetos Saci, Minerva e Ipê. (Belloni, 2003). Em seguida, houve a inserção dos telecursos, veiculados pela televisão. Esses cursos eram supletivos e profissionalizantes, e ainda são elaborados e transmitidos.

Porém, foi com a criação da Secretaria de Educação a Distância, vinculada ao Ministério da Educação, que se sistematiza o EaD como uma possibilidade de ensino regular, voltado para a formação de graduação e de ensinos complementares, como cursos de extensão e de pós-graduação. No Brasil, essa ideia tomou corpo e ganhou notoriedade com a Universidade Aberta do Brasil, que é vinculada a universidades federais concretas, já reconhecidas por oferecer cursos presenciais de qualidade, e que passaram a oferecer cursos também de qualidade, na modalidade a distância.

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Atualmente, com o avanço das tecnologias de informação e comunicação, a educação a distância vem ganhando concretude no cenário brasileiro, seguindo a tendência de muitos países desenvolvidos e em desenvolvimento. No bojo desse processo, destaca-se a Open University que, com quarenta anos de existência, foi a pioneira com trabalhos desse tipo e atualmente, além de formar alunos, ainda presta serviços de apoio a instituições com as mesmas finalidades.

Ainda que essa modalidade educacional se apresente como uma tendência mundial e que sua inserção, no Brasil, se justifique por permitir às pessoas que vivem distantes de grandes centros acesso ao ensino superior gratuito e a uma formação teoricamente de qualidade, as críticas sobre esse mecanismo educacional são muitas, cujo argumento principal se dá exatamente no que se refere à qualidade do ensino. A área de Educação Física e Motricidade Humana apresenta um agravante ainda maior: a relação intrínseca estabelecida entre teoria e prática nessa área pressupõe que vivências corporais direcionadas são elementos necessários para a formação de professores. Porém, hoje em dia a Universidade Aberta do Brasil – UAB - já oferece treze cursos de licenciatura em Educação Física, e o mais antigo deles com excelentes resultados, até o momento, como é o caso da Universidade de Brasília.

As reflexões iniciais indicam que a minimização de vivências corporais orientadas pode ser mais benéfica do que maléfica para a formação de professores, uma vez que permite a valorização das manifestações regionais da cultura corporal, ao mesmo tempo em que não pressupõe a imposição de conteúdos tradicionais do currículo da Educação Física. É possível, então, compreender que a não orientação de vivência de atividades corporais incentiva a flexibilização curricular da disciplina de Educação Física para os ensinos básico e médio, da mesma forma como o MEC incentiva que esse fato ocorra nos cursos de nível superior. No limite, pensar a formação de um professor de Educação Física à distância não é apenas viável, como também talvez responda melhor às questões multiculturais, que têm se apresentado fundamentais no estudo da Educação, do que com o mecanismo mais tradicional de sala de aula.


Por Paula Rondinelli
Colaboradora Brasil Escola
Graduada em Educação Física pela Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” – UNESP
Mestre em Ciências da Motricidade pela Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” – UNESP
Doutoranda em Integração da América Latina pela Universidade de São Paulo - USP