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Os traços infantis, em virtude do que expressam, podem ser qualificados como a possibilidade de compreendermos a trajetória da criança em seus aspectos fundamentais, uma vez que os movimentos e os traçados de cada fase têm suas próprias significações e belezas.
O primeiro movimento da criança no papel tem características de ação, pesquisa e exercício. Nesta fase, ela não conhece o medo, por isso, vive intensamente e vai construindo assim suas percepções iniciais que influenciarão toda sua subsequente compreensão de mundo. Neste movimento, os traços da criança são chamados de garatujas e se apresentam em formas desordenadas e desiguais.
Mais tarde, os traçados da criança se tornam circulares e longitudinais. O desenho vai ficando intencional e ela começa a utilizar cores para diferenciar significados e figuras humanas, é quando ela parte para o segundo movimento.
No segundo movimento a criança apresenta a intenção além das características de ação, pesquisa e exercício em seus traçados. Os símbolos, as referências e os modelos construídos pelas crianças serão substituídos e deslocados do primeiro movimento por meio da interação com o ambiente em que ela está inserida.
Nesta fase, as funções perceptivas e simbólicas se conjugam a fim de reproduzir uma imagem ou um objeto presente na realidade da criança. Ou seja, dos rabiscos e das pesquisas de formas nascem as primeiras tentativas de letras diferenciadas dos desenhos e as primeiras figuras humanas.
Já no terceiro movimento, além da ação, pesquisa, exercício e intenção, a criança insere o símbolo, a organização e a regra em seus traçados. Nesta fase, existe o desejo de representar a realidade e procurar intervenções e regras com uma certa exigência.
A busca pela representação realista, muitas vezes, traz o medo, a preocupação de fazer bem feito e leva a criança a utilizar com frequência borracha e régua.
No quarto e último movimento que trataremos aqui, os traços buscam representar ação, pesquisa, exercício, intenção, símbolo, organização, regra e também uma poética pessoal. Nesta fase de transição entre infância e adolescência, o jovem busca construir a sua própria identidade por meio de suas representações. É comum que cada jovem reaja diferentemente nesta fase e encontre caminhos próprios de enfrentamento.
Assim, o jovem começa a explorar o pensamento sobre o mundo, sobre a emoção e constrói outras formas mais livres de expressão, resultando, muitas vezes, em uma exploração estética. É nesta fase que os chamados rabiscos surgem com mais intensidade, em formas abstratas, nas carteiras, nos cadernos e nas agendas escolares.
Conforme pudemos observar, as ações definidas pelas fases dos traçados implicam em resultados de desenvolvimento progressivo. Dessa forma, abre-se um leque de possibilidades de trabalhos possíveis de serem realizados da educação infantil ao ensino fundamental e médio.
Todos os fatos, conceitos e princípios via interação ganham significados para os jovens em seus processos de desenvolvimento. No entanto, cabe lembrar que os professores têm importante papel nesse sentido, uma vez que as normas, os valores e as atitudes são aprendidos, primordialmente, nas vivencias cotidianas, nas relações interpessoais e na escola, através de exemplos práticos e de conduta ética.
Eliane da Costa Bruini