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Aula sobre moradores de rua

Moradores de rua são indivíduos que perdem a condição de cidadãos à medida que se dissipam as simbologias que os retratam como tal em adjetivos pejorativos – mendigo, vagabundo, etc.
Morador de rua pedindo esmola
Morador de rua pedindo esmola
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A Geografia estuda a sociedade pelo viés espacial. Entretanto, em determinados momentos, faz-se necessário recorrer a outras ciências, como História, Sociologia, Economia, etc. No caso do ensino de Geografia, também é imprescindível buscar essa interdisciplinaridade.

O tema “moradores de rua” é muito importante nesse processo. As várias representações sociais direcionadas aos moradores de rua – “vagabundos, mendigos, sujos” etc. – nos instigam a conhecer de perto a realidade desses sujeitos.

Em 2008, no Brasil, numa pesquisa realizada pelo Ministério do Desenvolvimento Social sobre a população em situação de rua, foi constatado que 71% dos moradores de rua trabalham e apenas 16% dependem da mendicância para sobreviver. O alcoolismo e as drogas são as razões que levam a maioria dessas pessoas a morar na rua: 35,5%. A seguir, vem o desemprego com 30% e conflitos familiares com 29%.

Os indivíduos desprovidos de família, emprego, residência e bens materiais passam a ser vistos como não cidadãos. Os que não estão familiarizados com essa expressão utilizam-se destas: mendigos, indigentes, desocupados, vagabundos e uma série de outros estereótipos, dos quais a cidadania assume papel coadjuvante.

Quando se explicita o que leva um sujeito a morar na rua, notam-se contradições, uma cultura de negação de padrões (sejam eles políticos ou econômicos), vitimações sociais, processos de revolta, inconformação, etc. De forma oposta surge o termo “inclusão”, que se resume em ativar a pessoa a uma reinclusão ideológica para o reingresso em uma sociedade de consumo.

As disciplinas de Geografia, História e Sociologia podem fazer um rico trabalho interdisciplinar sobre esse tema. Converse com os professores dessas disciplinas sobre essa proposta metodológica. O trabalho consiste em uma pesquisa, por parte dos alunos, in loco, em lugares onde moradores de rua se aglomeram. Por ser um trabalho escolar e tratar-se de adolescentes, escolha um local onde são desenvolvidos projetos sociais com esse grupo de pessoas, tais como centros de reabilitação de drogas, instituições e organizações religiosas, ONG’s, etc.

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Cada professor poderá pedir algo específico de sua disciplina, porém os alunos deverão tratar de questões inerentes a todas, tais como: por que virou morador de rua; as condições de vida morando na rua; como ele se vê enquanto morador de rua, etc.

Em relação à Geografia, busque identificar elementos como: se a pessoa é ou não migrante; sua territorialidade no espaço urbano; os meios de sobrevivência; questão familiar, etc.

Essas questões são importantes, pois a partir delas pode-se encontrar a gênese de tal problemática. Por exemplo, grande parte dessas pessoas pode ser migrante de uma mesma cidade ou estado e pode-se descobrir que migraram atrás de emprego. Logo, achou-se a raiz do problema.

Realizada a pesquisa, façam um seminário discutindo os pontos de vista geográfico, histórico e sociológico. Peça para que os alunos debatam a gênese e as possíveis soluções da problemática.

É uma metodologia simples que busca o exercício da cidadania e a luta por justiça social.


Por Régis Rodrigues
Graduado em Geografia