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Aula sobre a primeira guerra árabe-israelense

Com esta dica de aula sobre a primeira guerra árabe-israelense, o professor de História pode planejar novas abordagens sobre esse tema.
Os conflitos entre árabes e israelenses podem ser bem explorados em sala de aula
Os conflitos entre árabes e israelenses podem ser bem explorados em sala de aula
Crédito: Shutterstock
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  • Primeira guerra árabe-israelense abordada em sala de aula

É sabido que, desde o início da formação da comunidade judaica na região da Palestina – que depois viria a constituir o Estado de Israel, a partir de 1947 –, os conflitos entre judeus e árabes tornaram-se constantes. A primeira guerra formal entre as duas comunidades ocorreu entre 30 de novembro de 1947 e 20 de julho de 1949 e pode ser dividida em duas fases: Guerra Civil no Mandato da Palestina (que foi até 14 de maio de 1948) e a Guerra de Independência de Israel (que se prolongou até a data mencionada, de julho de 1949), que é chamada pelos árabes de Al-Naqba (“A Catástrofe”).

Abordar esse tema em sala de aula, em turmas do Ensino Médio, pode não ser tão simples quanto possa parecer, isto é, os alunos poderão compreender apenas o mais básico do contexto dessa guerra e de suas motivações, mas poderão não apreender certos detalhes esclarecedores. Sugerimos aqui o destaque de alguns pontos desse conteúdo a fim de que os alunos possam entendê-lo melhor.

  • Theodor Herzel e o Sionismo

Para que os alunos melhor assimilem esse tema, o professor de história precisa explicar-lhes as raízes da ideia de formação de um Estado judeu na Palestina. Essas raízes estão no movimento sionista, ou Organização Sionista, fundado por Theodore Herzel no século XIX. O antissemitismo europeu é um fenômeno que remonta à Idade Média, e a ideia de construir um Estado para os judeus no lugar de fundação da Terra Santa, onde está Jerusalém, passou a ser bem recebida pelos judeus europeus no auge dos nacionalismos.

Foi Herzel, inclusive, que fundou o Fundo Nacional Judeu – banco que arrecadou dinheiro para a compra de terras na Palestina, então sob o domínio do Império Turco Otomano. Seria interessante se o professor separasse trechos do livro O Estado Judeu, de Herzel, e os analisasse em sala de aula.

  • Mandato Britânico da Palestina

Ao mesmo tempo em que o Fundo Nacional Judeu empreendia a compra de terras, quando sobreveio a Primeira Guerra Mundial, potências como Inglaterra e França – inimigas do Império Turco Otomano – começaram a dar apoio tanto a judeus quanto a árabes que moravam na Palestina a fim de que ambas comunidades pudessem conquistar a sua independência com relação aos otomanos. Esse apoio estendeu-se ao longo de toda a Primeira Guerra e, após o conflito, foi criado pela Inglaterra o Mandato Britânico da Palestina (1922), instituição que objetivava a tutela da região.

Ocorre que a rivalidade entre os grupos que habitavam a região, cada qual com os anseios por independência, acabou por gerar a formação das primeiras facções armadas de autodefesa tanto de um lado contra do outro.

Foi nessa época que apareceu a Haganá (“Defesa”) israelense, que depois se tornaria o Exército regular de Israel.

A milícia Haganá se transformaria nas Forças de Defesa de Israel
A milícia Haganá se transformaria nas Forças de Defesa de Israel

Do lado árabe-palestino, a Transjordânia também buscava a sua independência e a formação de um Estado nacional árabe. No início das décadas de 1930 e 1940, foram criadas, respectivamente, as organizações Irgun e Lehi (ou Stern Gang), duas facções terroristas judaicas dissidentes da Haganá. A trajetória dessas organizações pode ser explorada pelo professor, já que os atentados que elas cometiam contra ingleses e palestinos são pouco conhecidos.

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O fato é que o conflito entre as duas partes só se transformou em guerra propriamente após o fim da Segunda Guerra Mundial em 1945.

  • Solução 181 da ONU e a Guerra de Independência de Israel

Em 1947, a Assembleia Geral de novembro de 1947 da Organização das Nações Unidas (recém-criada), sob a presidência do brasileiro Oswaldo Aranha, decidiu, na Solução 181, pela criação de dois Estados no mesmo espaço: o judeu e o palestino. Os países da recém-formada Liga Árabe (Egito, Síria, Líbano e Jordânia) opuseram-se veementemente. No ano seguinte, o Mandato Britânico foi extinto, no dia 14 de maio de 1948, e, nesse mesmo dia, o líder israelense David Ben-Gurion declarou a independência de Israel. Estava formado o cenário para a guerra.

Explorar o processo de formação dos exércitos da Liga Árabe, cuja reação à resolução 181 da ONU e à independência de Israel provocou a guerra, é outro ponto importante a ser explorado pelo professor. Do mesmo modo, a capacidade de resistência dos israelenses, menores em número, aos ataques da Liga Árabe é outro fato a se explorar, e não apenas isso: a rivalidade entre o Haganá, que se tornou as Forças de Defesa de Israel (FDI), e os grupos terroristas sionistas pode também ser explorada. Há um fato ocorrido em 22 de junho de 1948 que dá a dimensão desse impasse, que é narrado pelo historiador Cláudio Camargo:

[…] Desde 28 de maio, o Haganá se havia transformado em Forças de Defesa de Israel (FDI), e o governo proibiu a existência de milícias, como a Stern e o Irgun, que deveriam incorporar-se às forças regulares. Mas as milícias continuaram atuando de maneira independente. O Irgun designou até um navio, o Altalena, para trazer cerca de mil voluntários, armas e munições. O premiê David Ben-Gurion não permitiu que o Irgun ficasse com parte do armamento e, ante a recusa da organização, ordenou que a Palmach – a forca especial da FDI comandada por Ygil Alon Yithzak Rabin – impedisse a qualquer custo a captura das armas pelos rebeldes. O ataque ocorreu a 22 de junho em Tel-Aviv, quando a Palmach bombardeou o Altalena, que se incendiou, causando a morte de mais de cem pessoas. Muitos se jogaram no mar e foram salvos por botes, inclusive Menachem Begin, líder do Irgun. [1]

Incidentes como esse com o navio do Irgun e outras curiosidades sobre essa guerra abundam em livros e documentários sobre o tema, que são de fácil acesso e podem possibilitar uma boa aula aos alunos, com riqueza de documentos.

NOTAS

[1] CAMARGO, Cláudio. “Guerras Árabes-Israelenses”. In: MAGNOLI, Demétrio. História das Guerras. São Paulo: Contexto, 2013. p. 433.


Por Me. Cláudio Fernandes