PUBLICIDADE
O problema dos plásticos lançados de forma deliberada no ambiente é um problema ambiental bastante sério. Com tempo de decomposição de aproximados duzentos anos, este material, cuja composição inclui petróleo – uma substância não renovável – é responsável por grande porcentagem do lixo acumulado em lixões, sua produção dispõe de bastante água e energia, entope bueiros e córregos, ao ser queimado libera toxinas nocivas e é responsável pela morte por asfixia de diversos animais marinhos – ambiente este que está significativamente tomado por estes polímeros.
Considerando tais aspectos, tem-se discutido o que se fazer em relação ao uso das famosas sacolinhas de supermercado, como a substituição destas por caixas de papelão, ou o uso de sacolas de PET ou algodão retornáveis. Mais recentemente, uma outra alternativa passou a tomar espaço: as sacolas oxi-biodegradáveis.
Estas vêm com a promessa de se degradarem em tempo consideravelmente menor, já que o plástico produzido por este processo possui aditivos que aceleram sua degradação ao reagir com o oxigênio, e posterior nutrição dos fragmentos moleculares por micro-organismos, sendo estes convertidos em dióxido de carbono, água e biomassa. Ao contrário de sacolas biodegradáveis, não é necessário que estas estejam em um ambiente biologicamente ativo: basta estarem expostas em luz solar ou artificial a aproximadamente 40ºC. Assim, as indústrias responsáveis afirmam que 18 meses são tempo suficiente para que estas deixem de existir. Assim, em vários estados de nosso país tem sido discutida a substituição de sacolas de plástico convencional pelas oxi-biodegradáveis.
Entretanto, existe o outro lado da questão. Um deles, por exemplo, é a capacidade de decomposição deste material em cidades nas quais a temperatura dificilmente alcança os 40ºC. Será que o comportamento destas sacolas não seria o mesmo do que o de uma tradicional? Outra questão: qual a origem destes aditivos? Será que não são poluentes?
Alguns pesquisadores afirmam, ainda, que o fato destas sacolas, primeiramente, se desfazerem para depois serem decompostas pode fazer com que estas se dispersem no ambiente, dificultando sua coleta e podendo ser lançadas em rios e mares, comprometendo o ambiente como um todo. Quanto a isso, o professor de Engenharia Ambiental da Escola Politécnica da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) Haroldo Mattos de Lemos, afirma que adotar estas sacolas basicamente significa substituir uma poluição visível por outra que é invisível, mas que é também bastante danosa ao ecossistema. Um exemplo é a liberação de gás carbônico durante a decomposição deste material que, em contraste às sacolas tradicionais, ocorre de forma mais rápida e, portanto, é mais impactante. Além disso, a adoção deste material pode incentivar as pessoas a serem menos zelosas com a destinação das mesmas, ao considerarem sua decomposição rápida.
Como não foram feitos estudos suficientes para refutar muitos destes argumentos, discutir estas questões com seus alunos é uma forma de formar cidadãos mais críticos e responsáveis. Além da discussão, poderão seguir a sugestão dada no texto “Degradação de materiais no ambiente”, utilizando como objeto de estudo sacolas de papel, de plástico convencional e de plástico oxi-biodegradável; com um exemplar de cada sendo enterrado, outro ao ar livre e um terceiro exposto ao Sol ou em lâmpada, a fim de comparar os resultados.
Por Mariana Araguaia
Graduada em Biologia
Equipe Brasil Escola