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Dica de aula sobre as representações literárias de Napoleão

Por meio desta dica de aula sobre as representações literárias de Napoleão, o professor pode utilizar referências da Literatura para abordar a história de Napoleão Bonaparte.
O romancista francês Stendhal foi um dos mais notórios escritores do século XIX que incluíram a figura de Napoleão em suas obras
O romancista francês Stendhal foi um dos mais notórios escritores do século XIX que incluíram a figura de Napoleão em suas obras
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Ensinar história pode ser muito interessante e eficaz quando o professor consegue valer-se de outras linguagens e aplicá-las com êxito em suas aulas. É o caso do recurso às artes, em especial, à literatura. Praticamente todos os conteúdos de história possuem alguma referência literária, isso porque a literatura é tão antiga quanto as civilizações. Mas quando o conteúdo a ser abordado está inserido na Idade Contemporânea, recorrer à literatura pode ser ainda mais eficaz, haja vista que o romance (a narrativa romanesca), desenvolvido nos séculos XIX e XX, conseguiu traçar uma verdadeira radiografia política, econômica, social e psicológica do mundo moderno.

É sabido que um dos principais acontecimentos da história humana foi a Revolução Francesa (iniciada em 1789) e que, a partir de 1799, ascendeu ao poder da França Napoleão Bonaparte, responsável por alterar radicalmente a ordem geopolítica, os códigos jurídicos e a concepção de nacionalidade da Europa. Napoleão, com a formação do exército de cidadãos que lutavam não mais pelo rei, mas pela “Nação Francesa”, tornou-se o modelo de herói para os burgueses e revolucionários do século XIX. Gente de todos os grupos sociais passou a orientar-se pela “luz” do general e gênio da estratégia militar, Napoleão Bonaparte.

Esse modelo de herói foi apreendido pelos melhores romancistas do século XIX, notadamente os franceses Victor Hugo e Stendhal e os russos León Tolstói e Fédor Dostoiévski. Stendhal, em especial, conseguiu satirizar a imagem do heroico Napoleão em dois romances clássicos: “A Cartuxa de Parma” e “O Vermelho e o Negro”. No primeiro, os acontecimentos de fato se passam na época das guerras napoleônicas; no segundo, a atmosfera é posterior, mas o protagonista (Julien Sorel) orienta todos os passos da sua vida guiando-se pela biografia de Napoleão.

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No caso dos russos, Tolstói pintou todo o quadro das Guerras Napoleônicas e, sobretudo, da campanha de Napoleão contra o Império Russo em seu monumental romance “Guerra e Paz”, ao passo que Dostoiévski, de modo semelhante ao que fez Stendhal em “O Vermelho e o Negro”, desenvolveu a figura de um jovem obcecado pela figura de Napoleão e ávido por certa “superioridade moral”, despertada pela vontade de ser protagonista de grandes acontecimentos.

Todas essas figuras podem ser abordadas nas aulas de história como alegorias de um contexto histórico real. Muitas pessoas da época que se seguiu à morte de Napoleão Bonaparte tornaram-se histericamente ligadas à biografia desse líder político. O contexto das guerras napoleônicas pode ser explicado a partir desses romances e a psicologia coletiva da época também.

Sugere-se que, para tanto, o professor articule-se com o professor (a) de literatura para que, em um trabalho conjunto, a abordagem ocorra de forma mais plena e eficaz.


Por Me. Cláudio Fernandes