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Novos temas no ensino de História: alimentação

Os novos temas no ensino de História, como a alimentação, propiciam a aproximação da História com a realidade social dos alunos, dando maior sentido às aulas.
A temática da alimentação aproxima o ensino de História da realidade social dos estudantes
A temática da alimentação aproxima o ensino de História da realidade social dos estudantes
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A história da alimentação pode ser uma rica temática para o ensino de História, ao contrário de alguns conteúdos presentes nos PCN’s (Parâmetros Curriculares Nacionais), que distanciam o ensino de História da realidade social e cultural dos estudantes.

A abordagem da temática sobre a alimentação nas aulas de História tem como principal objetivo, segundo Ramos (2009, p. 99), “a grande vantagem de permitir um contato direto com a realidade comum a qualquer educando, independentemente de sua classe social ou condição cultural. Afinal, todos nos alimentamos e levamos à boca mais que sabores, fatias generosas da história daquilo que comemos e bebemos diariamente”.

Com a utilização da temática sobre a alimentação em suas aulas, o professor de História deverá refletir e analisar a realidade dos seus educandos. A partir daí, deverá formular estratégias de ensino com a intenção de chamar a atenção e a curiosidade dos alunos, mostrando a relevância do saber histórico para a compreensão do seu tempo presente.

A temática sobre a alimentação pode aproximar-se de vários conteúdos de História contidos nos PCN’s. Segundo Ramos (2009), abordar o conteúdo de escravidão negra no Brasil, por exemplo, com a finalidade de tornar as aulas e o próprio conteúdo mais significativo, é aproximar o ensino de História da realidade social e cultural dos alunos. Para tanto, o autor propõe o trabalho com a feijoada em sala de aula:

“Quem já não comeu uma bela feijoada? Entretanto, poucos sabem que por trás desse ‘prato típico’ existe toda uma história. Segundo muitos pesquisadores, a origem da feijoada está fixada nas senzalas. O prato teria nascido a partir de restos do porco, não aproveitados pelos senhores de engenho, fornecidos como comida aos escravos. Estes, então, juntavam a carne com o feijão preto, compondo a feijoada. Estudos recentes mostram que, apesar dessa origem humilde, o prato rapidamente conquistou o paladar da elite colonial brasileira. No século XVII, a feijoada já era consumida entre as mais diversas categorias sociais. Continuou, porém, a ser dada aos escravos apesar de ter adquirido status de “iguaria fina”. Na verdade, os escravos, em geral, não eram mal alimentados. Como parte do patrimônio do grande proprietário de terras, os escravos tinham que ser capazes de trabalhar, propiciar lucros e manter seu valor de mercado. E foi por isso que continuaram a consumir feijoada mesmo depois que o prato passou a ser apreciado pela elite” (RAMOS, 2009, p. 99).

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A feijoada é um prato típico brasileiro, com origem africana, e todos os alunos, possivelmente, já tiveram acesso ou se alimentaram da iguaria. O professor de História pode, então, abordar a escravidão, relacionando-a à temática da alimentação com a feijoada. Assim, o ensino se aproximará da realidade dos alunos.

Ramos (2009, p. 112) chama a atenção para o fato de que abordar a temática sobre a alimentação no ensino de História pode ajudar o professor a trabalhar mais facilmente com outros conceitos, como: preconceito cultural, diferenças sociais e econômicas entre ricos e pobres.

Tais conceitos podem ser abordados a partir do momento em que tivermos a compreensão de que a alimentação está ligada a questões culturais, religiosas, distinção social, étnicas, regionais e de gênero e com os problemas ambientais. Assim, o professor será o mediador entre as discussões sobre os hábitos e costumes alimentares entre diferentes sociedades do passado e do presente.

Leandro Carvalho
Mestre em História