Nós sabemos que as redes sociais, usadas em excesso, podem ter um impacto negativo no processo de aprendizado dos estudantes. No entanto, também podem ser boas aliadas dos professores se usadas como recursos didáticos. Já pensou se, em vez de pedir para os estudantes pararem de usar seus celulares, os professores pedissem para que realizassem uma atividade com eles?
Além do impacto positivo na dinâmica da aula – os estudantes, acostumados com atividades tradicionais, costumam ficar entusiasmados com as novidades –, a utilização de redes sociais permite que os estudantes elaborem o conteúdo em uma linguagem com a qual já estão habituados. Assim, sentem-se mais próximos das teorias e vencem um desses preconceitos que acompanham a Filosofia: o preconceito de que se trata de uma unidade curricular que nada tem a ver com a vida deles e com seus objetivos pessoais, que é uma linguagem velha, de compreensão difícil e que exige um processo de memorização exaustivo para que consigam obter bons resultados nas avaliações.
Outro fator que devemos levar em conta é a oportunidade que temos de contribuir para a criação, nos estudantes, de uma nova forma de usar as redes sociais e os recursos tecnológicos de que dispõem. A internet favorece um intercâmbio de ideias não restrito a espaços geográficos e a horários predeterminados, facilitando o acesso a conteúdos aos quais muitas pessoas se aproximariam apenas depois de um grande esforço. Por que não mostrar aos estudantes a oportunidade de construção de conhecimento que têm ao alcance das mãos em vez de proibir o uso de seus dispositivos eletrônicos portáteis em sala de aula?
Os recursos do Facebook integrados ao plano de ensino:
Uma das redes sociais mais populares, o Facebook oferece algumas possibilidades que podem ser aproveitadas no ensino.
a) Grupos: é possível criar um grupo para cada turma ou para os estudantes de todas as turmas com o objetivo de divulgar materiais didáticos complementares, sugestões de exercícios para serem realizados em casa e curiosidades relacionadas com os conteúdos trabalhados em sala.
Os estudantes podem interagir com colegas de outras salas e turmas e, por isso, também é possível pensar em uma atividade que envolva alunos que não poderiam trabalhar juntos presencialmente, por incompatibilidade de horário.
Eu faço, eventualmente, da seguinte forma: uso um aplicativo de sorteio on-line para escolher um aluno de cada turma. Por exemplo, se trabalho com duas turmas de Primeiro Ano, duas turmas de Segundo Ano e duas turmas de Terceiro Ano, sorteio seis pessoas. Essas seis pessoas desenvolverão uma atividade que envolva os conteúdos trabalhados. Assim, os estudantes do Segundo e Terceiro Ano podem rever os conteúdos que estudaram nos anos anteriores, e os estudantes do Primeiro Ano podem ter um contato com temas que estudarão com profundidade depois.
A criação de um grupo pode servir também para divulgar as produções dos estudantes entre seus colegas. Eu costumo divulgar, por exemplo, semanalmente, os alunos que cumpriram uma determinada atividade de forma mais próxima do objetivo. Também gosto de valorizar o processo de aprendizagem dos estudantes com maior dificuldade.
É preciso tomar o cuidado para não ferir a sensibilidade de algum estudante. Por isso, costumo consultar o estudante se ele me autoriza a divulgar sua produção e/ou seu nome. Outro cuidado que tenho é o de não divulgar resultados negativos, pois, para que o resultado seja revertido e o estudante possa apresentar progresso depois, penso que seja melhor uma abordagem pessoal e individual.
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b) Página: Criar uma página no Facebook pode ser uma estratégia associada à criação de grupos. A professora/o professor pode pedir aos estudantes que produzam, em duplas, um conteúdo voltado para a web. O conteúdo pode ser divulgado no grupo. Os três conteúdos com maior engajamento (ou seja, com maior quantidade de “likes”) serão os conteúdos divulgados na página naquela semana.
Se a professora/o professor não considerar adequado esse método de seleção, pode nomear um aluno por turma para fazer uma espécie de “editoria” dos conteúdos produzidos pelos colegas. Por exemplo, essa(e) estudante pode selecionar três conteúdos. Depois, todos os conteúdos serão analisados por uma “comissão editorial” formada pelos representantes de cada turma a fim de selecionarem aquilo que será postado na página.
É possível também escolher responsáveis para a alimentação da página: uma pessoa para escolher imagens, outra para fazer uma agenda semanal e outra para responder a comentários.
c) Enquete/Perguntar: Depois de criar o Grupo, você perceberá que, ao fazer cada postagem, há as seguintes opções: Publicar, Foto/Vídeo, Perguntar e Arquivo. A opção “Perguntar” permite a criação de uma enquete. As pessoas costumam usá-la a fim de obter maior interação entre os membros da página ou para decidir alguma demanda relacionada com o objetivo do grupo. No entanto, isso pode ser adaptado como um exercício para fixar o conteúdo.
A professora/O professor pode fazer uma pergunta em sala de aula e pedir para que os estudantes respondam on-line a partir de seus aparelhos. Se a escola não for favorável ao uso de internet em sala de aula ou não disponibiliza internet sem fio por falta de recursos, a professora/o professor pode combinar previamente um horário com seus estudantes em que deixará disponível a pergunta no Grupo e a data até quando ela estará na página. Como se trata de uma “enquete”, a pergunta deverá apresentar opções. A imagem de perfil do estudante aparecerá ao lado da alternativa que escolher.
Outra possibilidade é a professora/o professor pedir, no enunciado da questão, que os estudantes justifiquem suas respostas em um comentário breve por meio de uma imagem ou de um vídeo. Como há redes sociais específicas para a postagem de fotos e vídeos, detalharei as formas como podemos usar fotos e vídeos nas salas de aula em outro artigo.
d) Criar evento: Um recurso que o Facebook disponibiliza é o de criar evento. A professora/o professor pode valer-se dele para certificar-se de que os estudantes lembrem-se da data de entrega de algum trabalho importante ou de alguma atividade avaliativa a ser desenvolvida em sala.
Além desses recursos, o Facebook oferece muitas outras possibilidades. Caso você sinta alguma dificuldade em desbravá-lo por conta própria, peça ajuda para os seus alunos. Assim, você valorizará o conhecimento que eles possuem e criará uma proximidade que contribuirá para o desenvolvimento das suas aulas. Experimente!
Por Wigvan Pereira
Graduado em Filosofia