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Utilizando calculadoras nas salas de aula

O ensino da matemática pode ser facilitado utilizando calculadoras nas salas de aula de maneira consciente e voltada para o desenvolvimento do raciocínio.
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Muita gente, inclusive pais e professores, acredita que permitir que uma criança utilize a calculadora seja um crime contra o raciocínio. Esses paradigmas devem ser encarados com muito cuidado. Temos que considerar o fato de que nos dias atuais, toda criança tem acesso a uma calculadora, seja no celular, no computador ou no balcão da padaria. Então é necessário deixar o preconceito de lado e utilizar esse recurso a favor do aprendizado, e não contra ele.

O uso da calculadora deve ser instigado ainda na educação infantil. A questão é: como se deve fazer isso? O fato é que o uso da calculadora não passa de um processo mecânico e se o aluno não tiver compreendido os conceitos matemáticos, a calculadora apenas o auxiliará a fazer as contas mecanicamente mais depressa. Por isso é importante que os conceitos estejam bastante claros, já que assim a criança se diverte e vai utilizar a calculadora como um meio de obter mais rapidamente uma resposta; resposta esta que se tivesse que calcular utilizando papel e lápis gastaria muito tempo, ficaria entediada e desgostosa do aprendizado. Pode-se optar por utilizar o equipamento em cada passo de um problema, e não somente no resultado final. O educador precisa enfatizar a interpretação do resultado e explicar cada passo da utilização e contextualizar com o que já foi ensinado antes.

Em um contato inicial, é interessante apresentar a funcionalidade de cada tecla, mesmo quando o assunto foge ao conhecimento da criança. Por exemplo, no caso da tecla de porcentagem, pode-se dizer que é utilizada para calcular descontos nas compras, sem explicar de imediato do que se trata uma porcentagem. Em relação a essa tecla em específico, mesmo no ensino das porcentagens, é necessário tomar certos cuidados, já que cada calculadora faz a conta de um jeito, e pode-se chegar a resultados distintos. O ideal é fazer o cálculo passo a passo, deixando claro que a divisão é feita por 100 e utilizar a máquina para conduzir mais rapidamente o raciocínio e não para chegar ao resultado final diretamente.

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Sempre é favorável instigar a curiosidade. Quando for introduzir o conteúdo de divisões, faça, por exemplo, 137÷7 e questione os discentes sobre onde está o resto da divisão e se teria uma forma de encontrá-lo utilizando a calculadora. No ensino das unidades de medidas, pode se utilizar a calculadora para fazer as conversões, mas para isso as relações existentes entre as unidades precisam ser bem compreendidas. Outro assunto muito importante é mostrar que nem sempre a calculadora vai dar ao aluno o resultado certo, que é uma máquina imperfeita. Isso é bem claro no uso de expressões, como 3+4x9, o educador pode exemplificar que nesse caso, utilizando uma calculadora simples, o resultado apresentado seria 63, quando o correto seria 39. Outro exemplo seria calcular 1 dividido por 11, multiplicar por 8 e multiplicar novamente por 11 (matematicamente falando: ), o resultado deveria ser 8, mas no visor do aparelho vai aparecer 7,9999992. Questione as crianças sobre o porquê de tal fato acontecer. Esse tipo de situação auxilia a criança a duvidar que o resultado da calculadora seja infalível e cria uma noção de senso crítico. Finalmente, deve-se estimular o raciocínio mental antes de iniciar qualquer conta com a calculadora, para evitar a dependência e que a criança a utilize para calcular o valor de 3x10, por exemplo.

Em séries mais avançadas, é interessante mudar para uma calculadora científica e explorar as funções que ela apresenta, tais como seno, cosseno e tangente, dentre tantas outras. Também nesse nível não se pode perder o foco no raciocínio que deve ser construído para chegar ao resultado e como interpretá-lo.


Por Franciely Guedes
Graduada em Matemática