Alunos estão sentados em suas carteiras, mas participam ativamente da aula. O professor, interagindo com eles, esboça um desenho no quadro. Quando a ilustração está pronta, os olhos atentos dos estudantes conseguem compreender que a tal planta que tem flores e frutos é nada mais do que um exemplo de angiosperma.
A cena retratada é um exemplo de prática corriqueira nas aulas de Philip Ferreira, biólogo e professor de Ciências de turmas do Ensino Fundamental de uma escola pública de Ceilândia, no Distrito Federal. Também pedagogo, ele acredita que realizar desenhos durante as aulas facilita o aprendizado dos alunos.
Ele começou a usar os desenhos depois de fazer várias análises sobre o uso do livro na sala de aula. “Percebi que, ao usar somente esse material, faltava a didática prática. Penso que o livro é somente um acessório; ele serve para complementar a aula e não ser o principal mecanismo de ensino”, defende.
Para Philip, o estudante tem que ser desafiado e questionado na sala de aula. E ele vê o professor como o principal ator dessa transformação, uma vez que pode proporcionar desafios ao adotar várias práticas didáticas. Ele exemplifica: “alunos questionam quando têm que escrever muito. No meu caso, ofereço a possibilidade de que eles também desenhem e, assim, penso que posso ajudá-los compreender a matéria”, comenta.
Veja alguns dos desenhos de Philip (clique nas imagens para ampliá-las):
Além de desenhar, o professor de Ciências se pauta na interdisciplinaridade para tornar as aulas mais atrativas. “Tento sempre “fazer um link” com outras áreas além daquela que é a da minha formação. Às vezes, até combino com professores de outras disciplinas para que eles façam alusão aos meus desenhos e, por consequência, à matéria que passei antes”, conta.
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O biólogo destaca a alegria que sente quando recebe retornos positivos dos alunos. Ele comenta, inclusive, que uma vez um aluno disse que ficou tão empolgado de ter aprendido por meio dos desenhos que chegou em casa e quis mostrar a matéria aos pais dele.
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Maria Eduarda, aluna do 1º ano do ensino médio, afirma que as aulas do professor são descontraídas e atendem as necessidades específicas de cada estudante. “O Philip estimula os pontos fortes dos alunos e ajuda a melhorar os fracos, com muita paciência e dedicação. Pelas técnicas de ensino estarem ligadas a desenhos e textos em tópicos, o conhecimento é absorvido com facilidade”, acredita.
Como Philp usa desenhos no dia a dia, ele permite que os estudantes também os façam nas provas. “Tenho que levar para sala o que quero que o aluno aprenda e ensino com o que tenho à mão. Se eles usam os desenhos nas provas, é sinal de que se lembram das aulas e, portanto, do conteúdo”, avalia.
Segundo ele, para tornar a aula mais atrativa, cada professor pode usar a sua habilidade própria. Uns cantam, outros tocam, outros brincam. O importante, para ele, é passar o conteúdo para os alunos motivando-os da melhor forma e a mais legal para eles.
O professor tem uma página em uma rede social na qual costuma postar alguns dos desenhos que faz na sala de aula. Conforme conta, os estudantes até pedem para ele poste imagens das figuras que ele faz e que também interaja com eles.
No ano passado, Philp registrou, em um vídeo, uma aula que ministrou sobre peixes. Com a intenção de tornar o tema mais atrativo, ele levou um peixe dentro de um balde para que os estudantes pudessem ver, na prática, como é o referido animal. Confira o vídeo: