“O professor visto não como o detentor do conhecimento, mas como o mediador da relação ensino-aprendizagem”
A presente assertiva nos remete a um contexto educacional cujos aspectos são amplamente difundidos na concepção de renomados autores, sobretudo enfatizando a teoria construtivista. Passemos adiante, agora priorizando a assertiva seguinte:
Com a palavra, o professor!
Os pressupostos impressos na ideia retratada pelo enunciado em questão nos remetem, também, a outro aspecto, por sinal condenável, tanto pela teoria anteriormente ressaltada, quanto por outras que adentraram a modernidade dos estudos pedagógicos. Essa ideia é revestida pela chamada educação bancária, na qual o aluno “apenas colhe” os frutos frente à condição de se posicionar como mero expectador – algo que pode assim se resumir: “Devolva-me com bons resultados o que eu lhe proporciono mediante os ensinamentos ora proferidos”. Trata-se mesmo de uma espécie de “informante depositário”.
Tendo em vista as considerações acima retratadas, servimo-nos delas para dar sustentabilidade à discussão que ora nos propomos a realizar: o fato de a aula expositiva ainda se manter como um recurso didático de grande eficácia, ainda que muitos teóricos, desde o século passado, posicionem-se um tanto quanto avessos a tal procedimento.
Tal circunstância preconiza o fato de o professor se manter no centro das atenções, mas isso não significa que ele não assuma a condição de mediador das relações. Assim, por que não uma aula expositiva dialogada? Enquanto atores principais dessa laboriosa, importante, magnífica, profissão de educador, sabemos que em determinadas circunstâncias a prática desse recurso didático é fundamental para a concretização do aprendizado. Trata-se de uma proposta cujas intenções se resumem em conciliar a transmissão de conhecimentos, notadamente ligada à proposição de situações instigantes, as quais tendem a propiciar que o aluno participe ativamente da construção dos saberes, os quais lhe são indispensáveis.
Diversas circunstâncias de ensino podem ilustrar a recorrência e, sobretudo, a eficácia dessa prática, a começar pelas aulas no laboratório de Ciências, cujos resultados de uma dada experiência precisam ser explanados de forma efetiva, enfatizando o porquê deste ou daquele efeito produzido. Outra circunstância se refere ao trabalho com a leitura, pois ao estabelecer familiaridade com os aspectos retratados numa criação artística de um (a) determinado (a) autor (a), o aluno precisa se manter informado acerca do estilo, da época, levando em consideração todo um contexto, seja esse cultural, econômico e social, os quais levaram o (a) artista a se posicionar desta ou daquela maneira.
Não raro ocorre com as aulas de História, sobretudo pelo fato de uma situação do passado se tornar passível de comparação com outra da realidade vigente. Situações essas impossíveis de serem discutidas de uma forma mais aprofundada sem contar com a intermediação do educador, no sentido de esse proporcionar um norte aos educandos acerca dos pontos relevantes que demarcam um determinado assunto.
Dessa forma, não importa o momento em que essa proposta metodológica deve se manifestar: se no início, meio, ou se ao final da aula, o importante é que o educador saiba empregá-la no momento certo, tendo em vista as necessidades oriundas do planejamento que ele tão minunciosamente elaborou, levando em consideração os procedimentos adotados e o conteúdo a ser ministrado, cujo propósito se define unicamente pela conquista de excelentes resultados.
Relevante também é o posicionamento assumido pelo educador após fazer uso da estratégia de ensino em pauta, haja vista que, segundo as palavras de uma das integrantes do Departamento de Geografia Física da USP, Sueli Furlan*:
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“ A estratégia é provocativa e promove reflexões, mas o resultado dela não é homogêneo”.
As concepções por ela relevadas se manifestam pelo fato de que a heterogeneidade é, realmente, fator indiscutível, pois os alunos não apreendem um mesmo conteúdo de forma igualitária. Nesse sentido, eis o momento de o educador torná-los ativos do próprio conhecimento, proporcionando situações em que se pode atestar o nível do conhecimento efetivado.
*FURLAN. Sueli. No centro das atenções. Revista Nova Escola. Nº 246. Outubro de 2011, p. 70.
Por Vânia Duarte
Graduada em Letras