Professor, que tal sair um pouco da rotina nas aulas de literatura e trabalhar a Poesia Marginal na sala de aula? Movimento que ganhou força no final dos anos 60 até meados dos anos 70, a cultura marginal, também conhecida como Geração Mimeógrafo, rompeu paradigmas ao apresentar uma produção literária pouco comum e distante dos cânones da Academia.
Nossa proposta de aula sobre a Geração Mimeógrafo tem como objetivo apresentar aos alunos esse exemplo da contracultura brasileira que pela primeira vez trouxe assuntos sociais e, especialmente, a vida na periferia para dentro da poesia brasileira. Os poetas marginais, como ficaram conhecidos, escreviam de um jeito peculiar, transgredindo a linguagem ao inserir em seus poemas o coloquialismo, a ironia, o humor e o sarcasmo. Muitos desses poetas são parafraseados nas redes sociais, como o escritor curitibano Paulo Leminski, cuja obra poética desperta bastante interesse entre os jovens.
Observe as etapas para o desenvolvimento da aula de literatura sobre a Poesia Marginal que poderá ser desenvolvida em até seis aulas com os alunos do Ensino Médio. Boa aula!
1ª Etapa: Faça a apresentação do tema para os alunos. Contextualize a Poesia Marginal com o momento histórico vivido pela sociedade brasileira no final dos anos 60 e início dos anos 70. A influência da ditadura militar na produção cultural da Marginália é fundamental para compreender a necessidade de transgredir e de subverter, características importantes do movimento.
2ª Etapa: Por que “Geração Mimeógrafo”? A não adequação aos padrões literários da época foi um dos fatores que levaram os poetas marginais a buscarem meios alternativos de produção e distribuição dos livros. Mal vistos pelas editoras, os escritores replicavam seus livros através de um método pouco convencional: as cópias eram feitas no mimeógrafo e depois vendidas – ou distribuídas – em eventos voltados para um público restrito, pessoas que frequentavam eventos como shows, exposições e bares ligados à contracultura.
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3ª Etapa: Hora da pesquisa! Os alunos deverão buscar na internet ou em bibliotecas poemas que representem a cultura marginal. Cite alguns possíveis autores: Paulo Leminski, Torquato Neto, Ana Cristina Cesar, Waly Salomão, Francisco Alvim, José Agripino de Paula, Chacal e Cacaso estão entre os mais conhecidos.
4ª Etapa: Pesquisa feita, peça que os alunos escolham seus poemas preferidos. Explique a importância dos elementos visuais como fotografias e quadrinhos para a composição dos textos. Sugira que a turma alie os versos às imagens que os representem, como no exemplo a seguir:
Os elementos visuais são muito importantes para a composição da estética marginal
5ª Etapa: Convide-os a conhecer outras manifestações artísticas envolvidas na cultura marginal. Nas artes plásticas, um dos principais representantes foi Hélio Oiticica; na música, Sérgio Sampaio, Jards Macalé, Tom Zé, Itamar Assumpção e Luiz Melodia. É importante salientar que a cultura marginal foi um movimento, não uma escola literária, portanto, outros meios de expressão (artes plásticas e música, por exemplo) estavam envolvidos em sua concepção estética.
6ª Etapa: Organize uma exposição com os trabalhos de seus alunos. Eles poderão também criar seus próprios poemas, influenciados pelas características da Poesia Marginal, copiá-los e distribuí-los, tal qual faziam os poetas. Construa junto com a turma varais poéticos onde os trabalhos fiquem disponíveis e, ao final da exposição, possam ser levados pelos visitantes.
*A imagem que ilustra o artigo foi feita a partir de capas de livros dos autores citados.
Por Luana Castro
Graduada em Letras