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Aula sobre a guerra do Vietnã a partir do filme “Apocalypse Now”

É possível se trabalhar o tema da guerra do Vietnã a partir do filme “Apocalypse Now”, de F. Coppola, um clássico do cinema.
“Apocalypse Now”, filme de Francis F. Coppola. Produtora: Zoetrope Studios, 1979
“Apocalypse Now”, filme de Francis F. Coppola. Produtora: Zoetrope Studios, 1979
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Que o século XX foi marcado não apenas por guerras catastróficas e mortíferas, mas também pelo registro massivo, em fotografias e vídeos, do horror dessas mesmas guerras é um fato inconteste e todo bom professor de história sabe disso. As guerras a partir da Primeira Guerra Mundial tenderam a se transformar em espetáculos. Progressivamente, o que era – até o século XIX – um evento extremo, encarado com severos códigos de honra, passou a ser algo absurdo e banal, com mortes instantâneas, por bombas e armas químicas, de soldados que mal tiveram tempo de empunhar seus rifles.

O cinema, arte que se desenvolveu no século XX paralelamente à ambiência das guerras, é um dos veículos culturais que mais produziram reflexão sobre o absurdo em que essas guerras encerraram-se. Nesse sentido, o professor de história pode valer-se de alguns filmes notáveis como ferramenta de compreensão das guerras do século XX em sala de aula. Tomemos como exemplo o filme Apocalypse Now, dirigido e produzido pelo americano Francis Ford Coppola, em 1979. Esse filme trata de uma das guerras mais longas e destrutivas de que já se teve notícias, a Guerra do Vietnã.

A Guerra do Vietnã ocorreu no contexto da Guerra Fria entre os anos de 1955 e 1975, oficialmente. As partes em conflito eram o norte vietnamita, que se valia de táticas de guerrilha, de viés comunista, e apoiado pela URSS, e o sul do mesmo país, apoiado pelos EUA. O enredo do filme toma o contexto dessa guerra para expor algo mais complexo: a que ponto podemos chegar quando estamos em situações extremas, como em uma guerra? A história passa-se nos anos 1960. Um veterano da guerra americano, capitão Willard, recebe a missão de investigar o caso de um militar acusado de ter ficado louco e de comandar, nas florestas da fronteira do Vietnã com o Camboja, seu próprio esquadrão, que o cultua como se fosse um deus. O nome desse militar é Coronel Kurtz.

Desde o primeiro dia em que chega em Saigon (capital do Vietnã) até as vésperas de se encontrar com Kurtz, Villard segue testemunhando situações de insanidade e absurdo cada vez mais atordoantes: soldados que ficam permanentemente drogados, um oficial que promove um ataque com utilização de helicópteros a uma praia sob domínio vietcongue para poder surfar no mar, um malfadado show de striptease de “coelhinhas” da revista Playboy em um acampamento militar, entre outros exemplos. Todos esses elementos são colocados como pontos específicos de crítica, não apenas à guerra, mas à conduta humana em geral.

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Quando finalmente chega ao esconderijo do Coronel Kurtz, Willard depara-se com um cenário de culto primitivo. Kurtz vive em um templo hindu e é venerado tanto por nativos quanto por combatentes como um deus. Willard é, inicialmente, preso, mas depois de um diálogo com Kurtz é liberado. Em uma noite, enquanto os nativos sacrificam ritualmente um boi, Willard entra na câmara de Kurtz para matá-lo. Kurtz lê o poema “Os homens ocos”, de T.S. Eliot. Enquanto o animal é sacrificado, Willard desfere golpes de machete em Kurtz, que cai agonizante no chão, proferindo, repetidas vezes, a palavra “Horror”. Essa cena final revela o grande mote do filme: o que realmente é imperativo em uma atmosfera como a Guerra do Vietnã não são os deveres a se cumprir, o combate a um inimigo em potência, a honra, etc., mas sim o horror, puro, simples e contagioso.

Ao professor de história pode ser interessante exibir esse filme para turmas de terceiro ano após um conjunto de aulas sobre a Guerra Fria e, em especial, sobre a Guerra do Vietnã. Como complemento ao filme, seria interessante incluir a leitura do poema “Os homens ocos”, lido pelo personagem Kurtz, interpretado por Marlon Brando. Se houver tempo hábil no calendário escolar, pode-se incluir a leitura do romance “O coração das trevas”, de Joseph Conrad, que serviu de base para o filme de Coppola. Isso, inclusive, poderia suscitar uma parceria entre o professor de história e o professor de literatura.


Por Me. Cláudio Fernandes

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