Habilitar o educando a fazer uso da língua materna, levando em consideração as modalidades oral e escrita, bem como refletir criticamente sobre o que leem e/ou escrevem: eis que estamos diante de um dos mais importantes objetivos referentes ao ensino de Língua Portuguesa no ambiente escolar. Contudo, a realidade circundante que “ainda” impera em muitos desses ambientes se mostra um tanto quanto distorcida do que teoricamente se propõe.
Partindo de tal contexto, a língua, longe de cumprir seu papel estritamente social, resume-se numa prática notadamente voltada para a exposição de conteúdos muitas vezes fragmentados, tanto no que tange à gramática quanto à produção textual propriamente dita. Em face dessa realidade, e, sobretudo, tendo em vista que alguns conceitos e algumas práticas didáticas necessitam urgentemente ser repensados, analisemos as palavras de Cláudio Bazzoni, assessor de Língua Portuguesa da prefeitura de São Paulo e selecionador do Prêmio Vitor Civita – educador nota 10:
"A linguagem é uso e interação entre sujeitos que fazem parte de um determinado contexto histórico e social. É um desafio para o professor assumir que os conhecimentos que os estudantes devem dominar vão além dos contemplados pela gramática normativa."
Assim, enfatizando de modo especial a produção de textos, o trabalho com os diferentes gêneros faz com que o aluno compreenda acerca das peculiaridades de cada discurso e, sobretudo, entenda que cada um desses discursos cumpre uma finalidade comunicativa específica. Ou seja, tal prioridade, quando bem trabalhada, faz com que os emissores tenham ciência “do que, por que e para quem” estão escrevendo. Nesse ínterim entra em cena o trabalho com aqueles gêneros voltados para a oralidade, quase nunca explorados tanto quanto deveriam.
Voltando aos propósitos antes ressaltados, reafirmemos a condição de fazer uso da língua em ambas as modalidades (oral e escrita). Ao propor um seminário, por exemplo, o educador abrirá espaço para o aprimoramento de algumas habilidades, essenciais à relação de ensino-aprendizagem, partindo do pressuposto de que:
* Um dos procedimentos necessários à realização do seminário será, em primeira instância, a pesquisa. Por meio dela, os educandos terão a oportunidade de interagir com as ideias de outros autores, apropriando-se delas no intuito de construir seus próprios discursos. Mediante tal circunstância, torna-se essencial que sejam orientados a realizar uma leitura atenta, de modo a separar as ideias primárias das secundárias; e, com isso, fazer a reflexão crítica sobre aquilo, uma vez que tal procedimento vai ao encontro das pretensões que se atribuem ao ensino da língua.
* Ao apresentar o seminário, os educandos terão a oportunidade de fazer uso do padrão formal da linguagem, tornando-se habilitados a empregá-lo de acordo com as diferentes situações comunicativas. Cabe aqui ressaltar que nessas condições não imperam somente os aspectos relacionados ao vocabulário, mas também à postura que deve ser assumida pelos emissores ao se direcionarem frente a um determinado público, simbolizando, assim, uma situação estritamente formal.
* Outro indicativo de cunho positivo reside no fato de que, enquanto expõem os resultados “colhidos” pela pesquisa que realizaram, os aprendizes se sentem oportunizados a aprimorar sua capacidade argumentativa, bem como seu poder de reflexão, mostrando-se, assim, como pessoas hábeis a discutir um determinado assunto.
Também há eficácia com os demais gêneros pertencentes à categoria, como é o caso da entrevista, do debate, painéis e relatos de experiências, haja vista que tais modalidades permitem a quem quer que seja se posicionar frente a um dado tema e discuti-lo consoante seus próprios posicionamentos.
Mediante as considerações aqui firmadas, torna-se relevante atestar acerca dos benefícios trazidos pelo uso de determinados recursos metodológicos, pois, além de ampliarem de forma significativa o aprendizado dos educandos, ainda contribuem de forma singular no aprimoramento de certas competências, tão úteis quanto necessárias. Assim, fazendo referência ao trabalho com os gêneros orais em sala de aula, atesta Maria José Pinheiro Machado, membro da Faculdade de Educação da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP):
“Isso é necessário para que eles possam ampliar as condições de interação e as possibilidades de informação e conhecimento”.
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