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Aula sobre a História do Dinheiro

Com esta dica de aula sobre a História do Dinheiro, o professor de História pode tentar abordar muitos contextos históricos partindo do fenômeno da troca monetária.
A História do Dinheiro está atrelada à evolução dos processos de trocas econômicas
A História do Dinheiro está atrelada à evolução dos processos de trocas econômicas
Crédito: Shutterstock
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Sabemos que um dos pilares da formação da vida em sociedade, ao longo da história da humanidade, são as relações de troca. Desde as civilizações mais antigas e mesmo entre as culturas primitivas as relações de troca estão presentes, primeiramente em forma de escambo, isto é, de mercadoria para mercadoria, e, depois, mediada por moeda, ou dinheiro. Uma aula sobre a História do Dinheiro, isto é, da definição de um padrão de troca monetária (no qual metais ou pedras preciosas, conchas, pérolas, cédulas, etc., desempenham um papel de mediador de valores das mercadorias) pode ser muito interessante para alunos do Ensino Médio. Vejamos algumas dicas a seguir para uma sobre o assunto a seguir.

  • Começando com a explicação da origem das palavras

Talvez seja interessante o professor de História começar a sua aula sobre a história do dinheiro explicando a origem dos termos “dinheiro” e “moeda”. Ambos os termos são de origem latina, remontando, portanto, à civilização romana. “Dinheiro” deriva de denarius, que era uma pequena moeda de prata cunhada durante a Antiga República Romana. O local onde se realizava a cunhagem era o templo da deusa Juno Moneta, a deusa protetora dos recursos financeiros. A palavra moeda deriva exatamente de moneta, o epíteto atribuído à deusa. Daí também derivam os termos correlatos, como monetário, monetizar etc.

Ainda no plano etimológico, é importante ressaltar que a ciência que estuda a história e a simbologia das moedas chama-se numismática, palavra que vem no grego numisma, que também significa moeda.

  • O dinheiro ao longo das eras

Duas obras que podem ser de grande valia para o professor que quer preparar uma aula sobre a história das trocas monetárias são A ascensão do dinheiro: a história financeira do mundo, de Neil Ferguson, e Civilização Material, Economia e Capitalismo, de Fernand Braudel. Braudel, por exemplo, debruça-se sobre o período de quatro séculos, que compreende a formação do capitalismo e do primeiro sistema financeiro mundial complexo (o pré-industrial). Ele cita dois exemplos muito interessantes que podem ser abordados em sala. Trata-se de exemplos do sal e do pano cru como padrões monetários em diferentes regiões do continente africano. Vejamos:

Ao se trocar mercadorias, logo se ouve um balbucio monetário. Uma mercadoria mais desejada ou mais abundante desempenha o papel moeda, de padrão de troca, esforça-se por desempenhá-lo. Assim, o sal que foi uma moeda nos “reinos” do Alto Senegal e do Alto Níger e na Abissínia, onde “cubos de sal”, talhados, segundo um autor francês de 1620, à maneira do cristal de rocha, “do comprimentos de um dedo”, servem indiferentemente como moeda e como alimento, “de tal modo que deles podemos dizer com razão que comem o seu dinheiro em gêneros”. [1]

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O exemplo do pano cru:

O pano cru desempenha o mesmo papel nas margens no Monomotapa e no litoral do golfo da Guiné e fala-se de uma “peça da Índia”, no tráfico negreiro, para designar a quantidade de chitas (das Índias) que representa o preço de um homem, depois o próprio homem. A “peça da Índia” é o mesmo que um escravo entre 15 e 40 anos, dirão logo os entendidos. [2]

Ambos os exemplos são do início da Idade Moderna. É importante notar que o que deu a um e ao outro o status de “dinheiro” foi o valor a eles atribuído, dada a demanda, a raridade etc. É nessa época também que há entre os europeus a grande corrida por metais preciosos, como o ouro e prata, que passam a ser o padrão monetário dominante do sistema mercantilista. Essa corrida intensificou-se após a descoberta do continente americano.

A atividade da pirataria está atrelada a esse contexto e também pode ser explorada em sala de aula. Pode-se também recuar um pouco no tempo e abordar a Idade Média, em que prevalecia a condenação do lucro obtido com juros sobre o tempo de empréstimo de dinheiro, isto é, a usura. Há um livro que trata especificamente disso, chama-se O dinheiro na Idade Média, de Jacques Le Goff.

Outro ponto importante é abordar o contexto do advento da Revolução Industrial e da posterior integração entre o capitalismo tipicamente vinculado à indústria e o capitalismo vinculado à criação dos grandes bancos e bolsas de valores. Esse período é classicamente denominado de Imperialismo e implicou a formação de fenômenos que são bens estudados na História Contemporânea, como monopólios, o neocolonialismo, buscar por matérias-primas e mão de obra barata e qualificada etc.

Por fim, o professor pode ainda abordar as questões relacionadas com as complexas operações do sistema financeiro atual, rastreando suas origens, como o uso de cartões de crédito, a criptomoeda bitcoin, o dólar americano como padrão de moeda global, a formação da zona do euro etc.

NOTAS

[1] BRAUDEL, Fernand. Civilização material, economia e capitalismo (As estruturas do cotidiano), vol. 1. Trad. Telma Costa. São Paulo: Martins Fontes, 1995. p. 404.


Por Me. Cláudio Fernandes