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Trabalhando o filme Narradores de Javé

O filme Narradores de Javé possibilitará uma discussão entre professor e aluno sobre os métodos da escrita da história.
Debates são importantes ferramentas na efetivação do ensino de história
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O historiador alemão, Jörn Rüsen, afirmou que a história é a memória científica do passado. Isso quer dizer que o fazer histórico deverá garantir sua validade por meio de fundamentações criteriosas que buscam a verdade dos fatos históricos, pois, a história “como ciência é a forma peculiar de garantir a validade que as histórias, em geral, pretendem ter”. (Rusen, 2001, p. 97). É nesse compromisso da história com a verdade que o professor poderá discutir com seus alunos os métodos de se fazer história.

Para levantar uma discussão em relação aos métodos da escrita da história e de seu compromisso com a verdade, o professor poderá utilizar diferentes mecanismos didáticos com seus alunos. Um deles é o uso de filme como recurso para preencher lacunas e dúvidas que ficaram abertas durante as aulas expositivas. O uso de produções cinematográficas, além de ajudar na compreensão do conteúdo, torna-se uma alternativa à aula tradicional e palestrante do docente.

O filme brasileiro intitulado “Narradores de Javé” foi produzido em 2001 e foi dirigido por Eliane Caffé. Rodado no interior baiano, na cidade de Gameleiro da Lapa, o longa-metragem narra a história de um distante vilarejo chamado Javé que estava prestes a ser destruído por causa da construção de uma Usina Hidrelétrica. Seus habitantes, ao saberem da notícia, logo procuraram uma alternativa para que a pequena vila não fosse destruída.    

A solução encontrada pelos habitantes foi de escrever a história do vilarejo de Javé, que, por ter a maioria dos habitantes analfabeta, não possuía nenhum relato histórico documentado. Antônio Biá, por ser um dos poucos que sabiam ler, recebeu a missão de escrever o “livro Javérico”, que contaria toda a história do vilarejo baiano para que a região fosse considerada patrimônio histórico e cultural do país, impedindo assim o seu desaparecimento.

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Durante o filme, Antônio Biá sai de casa em casa para coletar informações dos habitantes mais antigos para escrever o livro. É nessa parte em que o personagem realiza as entrevistas que o professor poderá discutir com seus alunos a validade da história oral e seu compromisso com a verdade dos fatos históricos. Além disso, questionar se a história oral possui o mesmo método da história escrita também será uma boa oportunidade de levantar um debate.

Levantando perguntas, o professor poderá conduzir uma discussão pertinente não só quanto ao conceito de história, mas, também, quanto a questões importantes de uma sociedade, como cultura, costumes e tradições, que são poderes simbólicos que constituem a identidade de um determinado grupo social. Assim, o filme proporcionará um estimulo à valorização dos patrimônios públicos, dos documentos, da escrita e do conhecimento, uma vez que esses são elementos fundamentais para a existência humana.

Permitir esse contato dos alunos com uma reflexão em relação à escrita da história e seus métodos de verdade será uma boa possibilidade de o professor romper com concepções simplistas e generalizantes da história. Uma boa dica de leitura para professores que queiram aprofundar os seus estudos em relação ao uso da história oral ou quanto às discussões do conhecimento histórico como ciência são os seguintes livros: “Razão Histórica”, do historiador alemão Jörn Rüsen, e “Escrita da história: Novas perspectivas”, do escritor Peter Burke.


Por Fabrício Santos
Graduado em História