Introdução:
Os xampus são compostos normalmente aniônicos que aderem aos cabelos, atribuindo-lhes cargas negativas. Depois da lavagem, ocorre a repulsão entre os fios. Para eliminar ou pelo menos diminuir essa repulsão, usamos os condicionadores, que apresentam cargas positivas, por isso neutralizam as cargas negativas depositadas nos cabelos e, consequentemente, diminuem a repulsão entre os fios.
No entanto, os condicionadores atuais contêm outros compostos que realizam funções adicionais, como, por exemplo, deixar os cabelos mais macios e brilhantes. Entre esses compostos estão as proteínas do leite de vaca ou de cabra. As proteínas são formadas por reações de polimerização de condensação de um número muito grande de moléculas de α-aminoácidos, dando origem a mais de 100 ligações peptidícas. São, então, poliamidas.
Na realidade, as proteínas do leite que são adicionadas aos condicionadores são hidrolisadas, ou seja, suas cadeias poliméricas são quebradas em unidades individuais de α-aminoácidos. Esses α-aminoácidos é que são os reponsáveis pelo tratamento dado aos fios.
O acréscimo desse extrato glicólico de proteínas hidrolisadas do leite aos condicionadores faz com que o seu preço se eleve muito, o que torna um mau negócio comprá-los. Assim, essa proposta de experimento químico nos mostrará como tornar o condicionador comum, básico, de uso diário, em um condicionador com proteínas.
Materiais e reagentes:
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600 mL de leite de vaca ou de cabra;
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200 mL de vinagre de maçã;
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Aproximadamente 50 mL de glicerina;
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Panela esmaltada (de ágata) com tampa de vidro (as outras panelas podem contaminar o produto com íons metálicos ou resíduos de outras substâncias);
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1 peneira;
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1 balança de cozinha;
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1 processador de alimentos, como batedeira ou liquidificador;
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1 copo descartável de 50 mL (usado normalmente para beber café);
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250 mL de condicionador de uso diário;
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1 embalagem plástica de 300 mL com tampa, limpa e esterelizada com álcool 70 ºGL.
Procedimento experimental:
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Coloque o leite para aquecer na panela esmaltada;
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Quando estiver quase entrando em ebulição, desligue o fogo e adicione o vinagre;
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Tampe a panela e deixe em repouso por 30 minutos;
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Você observará a formação dos coágulos de proteína do leite e sua separação do soro;
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Com a peneira, separe os coágulos da parte líquida;
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Pese na balança de cozinha a massa de coágulos obtida;
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Misture a glicerina com esses coágulos na mesma proporção, isto é, com massas iguais. Por exemplo, se você obter 50g de proteínas hidrolisadas do leite, misture a elas 50g de glicerina;
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Bata essa mistura no liquidificador ou na batedeira até ficar homogênea (este é o extrato glicólico de proteínas hidrolisadas do leite);
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Coloque esse extrato no recipiente esterelizado e complete o volume com o condicionador;
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Agite bem a mistura e pronto.
Aviso importante: mantenha esse produto na geladeira e use-o em um prazo de 1 mês.
Conclusão:
O professor pode usar esse experimento em sala de aula para demonstrar para os alunos como ocorre a hidrólise de uma proteína e para demonstrar que esse processo é irreversível. Além disso, esse pode ser um tema usado para a formação da cidadania dos alunos, pois os ajudará a ter um maior senso crítico na hora de investir seu dinheiro em determinados produtos, desmistificando, assim, a propaganda.
Por Jennifer Fogaça
Graduada em Química